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Justiça francesa investiga "favor fiscal" na transferência de Neymar para o PSG em 2017

Quatro meses depois de Neymar trocar o Paris Saint-Germain (PSG) pelo clube saudita Al-Hilal, a Justiça francesa investiga se houve irregularidades na transferência do ex-jogador do Barcelona para o PSG, em 2017. O caso pode criar constrangimento para políticos da Assembleia de Deputados e no Palácio do Eliseu. 

Neymar deixou o PSG no ano passado após seis anos de controvérsias no clube.
Neymar deixou o PSG no ano passado após seis anos de controvérsias no clube. AFP - ANTHONY WALLACE
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Segundo reportagem do jornal Libération, publicada nesta quarta-feira (3), o ex-diretor de comunicação do PSG, Jean-Martial Ribes – já indiciado por corrupção e tráfico de influência ativo –, teria pressionado o governo francês para obter "favores fiscais" na cláusula de rescisão do contrato de Neymar com o Barça, que custou ao PSG a soma de € 222 milhões na época. 

O Libération consultou um relatório de nove páginas da Inspeção-Geral da Polícia Nacional (IGPN), apresentado aos juízes de instrução parisienses em 21 de novembro de 2023. O documento reúne uma centena de SMS e mensagens de WhatsApp trocadas pelo ex-diretor de comunicação do PSG, o ex-deputado governista Hugues Renson, frequentador da área VIP do clube, e uma ex-assessora do Palácio do Eliseu, Charlotte Casasoprana. Ribes tem a confiança do poderoso presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, um próximo do emir do Catar.

As mensagens apontam que Ribes, por meio de contatos facilitados pelo ex-deputado, teria pedido ao então ministro das Contas Públicas, Gérald Darmanin – atualmente ministro do Interior –, para dispensar o PSG do recolhimento de alguns impostos na transferência de Neymar.

De acordo com a legislação francesa, explica o Libération, os € 222 milhões que o PSG pagou ao Barcelona a título de multa pela rescisão do contrato do brasileiro com o clube catalão poderiam ser considerados como um adiantamento do salário de Neymar na França. Se os juízes franceses confirmarem essa hipótese, o PSG deveria ter recolhido a contribuição devida à Seguridade Social sobre a quantia e pago imposto de renda. 

Ministro é citado nas mensagens

Durante 48 horas, entre 24 e 25 de julho, uma semana antes da finalização da transferência, em 3 de agosto de 2017, Ribes bombardeou o deputado governista, então vice-presidente de bancada na Assembleia, com arquivos da transação e “memorandos ultraconfidenciais”.

Nas mensagens, o representante do PSG pede uma reunião no Ministério das Contas Públicas para pleitear um favor fiscal, de forma a evitar que a operação custasse ainda mais caro aos cofres do clube, e concluir rapidamente a transferência de Neymar. O deputado responde que o ministro Darmanin teria lhe dito que “seu diretor [de gabinete] estava tratando” do caso, reporta o Libération.

Essa nova investigação é um desdobramento de outra apuração bem mais ampla, que revelou a existência de uma "célula secreta" na direção do PSG, da qual fez parte um ex-policial da Direção Geral de Segurança Interior (DGSI), o organismo de inteligência francês.

Os juízes de instrução deverão determinar o papel do ex-diretor de comunicação do PSG, da hierarquia do clube, do ministro Darmanin e, por fim, se o Tesouro público foi lesado na transferência de Neymar.

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