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Paris acolhe 1° desfile de Pharrell Williams para Louis Vuitton, o evento do ano no mundo da moda

Começa nesta terça-feira (20) a temporada parisiense de desfiles masculinos primavera-verão 2024. O principal evento da maratona fashion será a estreia do músico americano Pharrell Williams como diretor artístico da Louis Vuitton. A apresentação é uma das mais esperadas do ano.

Pharrell Williams estreia como diretor artístico das linhas masculinas da marca Louis Vuitton.
Pharrell Williams estreia como diretor artístico das linhas masculinas da marca Louis Vuitton. AP - Christophe Ena
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Silvano Mendes, de Paris

O cantor de 50 anos, que ficou famoso mundialmente pelos hits "Happy" e "Get Lucky”, escolheu as margens do rio Sena para mostrar a sua primeira coleção à frente da Louis Vuitton, marca locomotiva do grupo LVMH, líder mundial do luxo. O show será realizado às 21h30 (18h30 em Brasília) no Pont Neuf, uma ponte em frente à sede da Louis Vuitton, mas também não muito longe do museu do Louvre e da catedral de Notre Dame, em uma locação que não deve passar despercebida das redes sociais. Uma parte das margens do rio ficará fechada para o tráfego de veículos e alguns convidados devem chegar de barco em um evento que tem tudo para viralizar.

Em uma entrevista à imprensa francesa, Williams disse que quer propor uma verdadeira experiência durante seu desfile, para o qual os convites estão sendo disputados até o último minuto. “Alguns convidados podem ficar surpresos e até chocados, mesmo se esse não é o objetivo”, explicou, mantendo detalhes da coleção em segredo, mesmo se as primeiras imagens da campanha publicitária, com a cantora Rihanna, grávida, já foram divulgadas. 

A moda masculina representa apenas 5% do faturamento da Vuitton. Mas os especialistas apostam que a chegada de Williams terá um impacto positivo nas vendas das demais linhas da marca.

 

 

Além do desfile de estreia na Vuitton, Williams inaugura em Paris a exposição "Just Phriends", uma mostra organizada em colaboração entre a Joopiter, uma casa de leilões fundada pelo próprio músico, e Sarah Andelman, dona do emblemático concept store colette, que fechou suas portas em 2017. Com entrada franca, o evento será realizado em uma mansão do século 18.

Como se não bastasse, ele inaugura esta semana um pop up store de sua colaboração com a marca Adidas. Instalada durante três dias no bairro do Marais, no coração da capital, a loja efêmera vai comercializar os tênis da linha Samba, imaginada pelo cantor.

Ícone da moda

Desde fevereiro, quando o nome de Pharrell Williams foi anunciado para assumir a direção artística das linhas masculinas da Vuitton no lugar de Virgil Abloh, morto precocemente em novembro de 2021, vítima de um câncer, todos que acompanham a indústria da moda querem saber como o autor de sucessos planetários vai integrar seu estilo em uma das marcas de moda mais conhecidas do mundo. Afinal, sua escolha para o cargo foi vista com surpresa por muitos.

Aos 50 anos, Williams teve uma carreira marcada pela música, conquistando 13 Grammy Awards e sendo nomeado duas vezes para o Oscar por sua contribuição em músicas de filme. No entanto, mesmo se o fato de ser mais conhecido como músico e produtor do que como estilista chamou a atenção, o americano já tinha várias experiências no mundo da moda.

Pharrell Williams chamou a atenção no tapete vermelho do Oscar em 2014 ao aparecer com usando um smoking com bermudas
Pharrell Williams chamou a atenção no tapete vermelho do Oscar em 2014 ao aparecer com usando um smoking com bermudas Matt Sayles/Invision/AP - Matt Sayles

 

O americano fundou em 2003, junto com o japonês Nigo – que atualmente assina as coleções da Kenzo, também da LVMH -, a marca de streetwear Billionaire Boys Club. Além disso, o cantor colaborou com várias grifes, de Moncler a Adidas, passando por Chanel, com a qual tinha uma relação de longa data, participando de desfiles e campanhas publicitárias.

Williams também ficou célebre por seus looks memoráveis. Seja em seus clipes, com um chapelão criado por Vivienne Westwood e que acabou ganhando seu nome, ou nos tapetes vermelhos dos eventos mais em voga, com um smoking com bermudas no Oscar de 2014, as roupas e acessórios usados pelo músico fizeram dele um personagem presente nas páginas das revistas de moda.  

Em busca da clientela mais jovem

O cantor também tinha uma ligação forte com o próprio Abloh. Ambos se admiravam e compartilhavam uma paixão pelo mundo do skate, da arte e da música. Como Williams, o ex-diretor artístico da Vuitton era conhecido por sua pluridisciplinaridade – atuando inclusive como DJ quando tinha tempo – e sua capacidade de atrair os jovens para seus projetos profissionais.

E é o talento de Williams para transitar entre disciplinas artísticas – sempre com um bom tino comercial – que parece ter atraído a direção do grupo LVMH. "Sua capacidade de romper as fronteiras entre os diferentes mundos que explora encaixa de forma natural com a dimensão cultural da Louis Vuitton, reforçando seus valores de inovação e espírito pioneiro e empreendedor", declarou a direção da marca em seu comunicado, ao anunciar a nomeação de Williams.

Ou seja, ele foi escolhido como diretor artístico, e não como estilista, com a missão de reforçar as passarelas entre a marca e o público mais jovem, clientela prioritária de toda a indústria do luxo atualmente.

Líder das redes sociais

Mas os critérios que levaram o grupo a escolher Williams para assinar as coleções masculinas da Vuitton vão bem além de sua polivalência e seus looks. Um dos elementos de peso é que ele chega na Vuitton levando na mala mais de 14 milhões de seguidores no Instagram, um volume de consumidores potenciais – de roupas, bolsas e acessórios, mas também de imagens de marca – que impressiona até os mais conectados da indústria da moda. Basta comparar com os 9 milhões de seguidores de Olivier Rousteing, da Balmain, ou os pouco mais de 5 milhões, de Jacquemus, dois exemplos de estilistas digital natives.  

 

 

Além disso, Williams se beneficia de uma imagem de personalidade engajada. Ativo em ações contra a discriminação, como a ONG Yellow, que ele lançou para lutar pela igualdade de oportunidades aos jovens via educação, ou o projeto Black Ambition, que visa ajudar empresários sem recursos a lançar startups, o cantor-estilista responde a uma exigência de responsabilidade social cada vez mais esperada pelos novos consumidores.

Representatividade

Sem contar que o fato de ser negro mostra o esforço de representatividade de uma indústria que nem sempre prestou atenção a esta questão. Só para se ter uma ideia, quanto Abloh foi nomeado, em 2019, ele era um dos únicos diretores artísticos negros à frente de uma maison de luxo europeia. Antes dele, apenas Ozwald Boateng havia assinado as coleções de Givenchy no início dos anos 2000 e Olivier Rousteing dirigia e ainda pilota a Balmain.

Com mais de US$ 20 bilhões de vendas anuais registradas em 2020 – confirmando que essa indústria não para de crescer, independentemente da pandemia ou da inflação – Vuitton é essencial para o grupo LVMH e isso pesa na escolha de um novo diretor artístico, aumentando as expectativas sobre seu desempenho.

Até porque, ele não é a primeira celebridade vinda de outras disciplinas artísticas a assumir a direção de uma grande marca de luxo, e essas migrações nem sempre tiveram êxito. Basta lembrar da passagem relâmpago de Lindsay Lohan pela Ungaro em 2009. Ou ainda das aventuras de Kanye West - outro amigo de Abloh -, que resultaram em um dos mais emblemáticos casos de cancel culture da história recente da moda, já que sua marca, Yeezy, está moribunda desde suas declarações desastrosas nos últimos meses, que fizeram que todos os seus parceiros do mundo da moda, de Balenciaga a Adidas, virassem a cara ou rompessem contratos.

Até a marca de Rihanna, lançada com estardalhaço em 2009, não foi muito longe e a cantora teve que se contentar com sua bem-sucedida linha de maquiagem. Exemplos de que a arte das passarelas não é para qualquer um. 

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