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Aclamada por sua "coragem e acuidade clínica", francesa Annie Ernaux vence Nobel de Literatura de 2022

O prêmio Nobel de Literatura de 2022 foi atribuído nesta quinta-feira (6) à escritora francesa Annie Ernaux. No anúncio, a Academia Sueca elogiou "a coragem e a acuidade clínica pelas quais ela revela raízes, privações e restrições coletivas de sua memória pessoal". 

A escritora francesa Annie Ernaux.
A escritora francesa Annie Ernaux. © Francesca_Mantovani Editions_Gallimard_
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Após o anúncio da recompensa, em entrevista ao canal sueco SVT, Ernaux afirmou que receber o prêmio é "uma grande honra", mas também "uma "grande responsabilidade". A escritora de 82 anos classifica seu trabalho como "um testemunho de uma forma de justeza e de justiça, em relação ao mundo".

Professora de Literatura na Universidade de Cergy-Pontoise, na região parisiense, Annie Ernaux é autora de uma vasta e aclamada obra de cunho intimista e autobiográfico, em que disseca o peso da dominação de classes e as relações amorosas, dois temas que marcam seu itinerário de mulher castigada pelas origens populares.

Ela estreia em 1974 com "Les Armoires Vides" (Os Armários Vazios), em que conta sua experiência pessoal ao se submeter a um aborto clandestino. No premiado "Les Années" (Os Anos), publicado em 2008 e considerado seu chef-d'oeuvre, a autora resgata suas memórias do pós-guerra, com fotos e recordações que marcaram sua vida. 

No entanto, é com L'Événement (O Acontecimento), publicado em 2000, que Annie Ernaux ganha notoriedade fora da França. Na obra, ela volta a tratar sobre o aborto, contando o drama de uma estudante que realiza a interrupção de uma gestação na França na época em que a prática ainda não era um direito. A história foi adaptada para o cinema, sob a direção da franco-libanesa Audrey Diwane, e recebeu o Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza em 2021.

Uma grande surpresa

Com seu estilo clínico, nu de qualquer lirismo, Ernaux sempre recusou o rótulo de escritora de ficção e se autodefine como "uma etnóloga" dela mesma. A autora fazia parte da lista dos possíveis agraciados pelo prêmio Nobel há muitos anos, mas afirma que a recompensa foi "uma grande surpresa". 

Na apresentação do trabalho dela, Anders Olsson, integrande da Academia Sueca, destacou a linguagem "simples e limpa" da autora. Segundo ele, ao abordar "as contradições da experiência social, descrevendo a vergonha, a humilhação, a inveja ou a incapacidade de vermos quem somos, Ernaux cumpre algo admirável que se inscreve no tempo".

Annie Ernaux é a 16a terceira representante da França a vencer um Nobel de Literatura, desde que a premiação começou a ser atribuída, em 1901. Nos últimos 20 anos, a Academia Sueca recompensou dois franceses: Jean-Marie Gustave Le Clézio, em 2008, e Patrick Modiano, em 2014. Em 121 anos, a francesa é a 17a mulher a receber esse que é o considerado o maior prêmio da Literatura.

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