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Estilista japonês Kenzo Takada morre aos 81 anos vítima da Covid-19

O mundo da moda está de luto. O estilista Kenzo Takada, criador da marca de roupas e perfumes "Kenzo", morreu neste domingo (4), vítima da Covid-19. Conhecido como o mais parisiense dos japoneses, ele vivia na capital francesa desde 1965.

Kenzo Takada, fotografado em 2018.
Kenzo Takada, fotografado em 2018. JOEL SAGET / AFP
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Kenzo Takada morreu no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, na região parisiense, devido à Covid-19, afirmou o porta-voz em um comunicado. Nascido em 27 de fevereiro de 1939 em Himeji, perto de Osaka, Kenzo se apaixonou ainda jovem pelos desenhos e a costura, ensinado por suas irmãs.

Ele foi um dos primeiros garotos a estudar na Bunka, uma das principais escolas de moda de Tóquio, que um ano antes de sua chegada só aceitava meninas. Mas a carreira começou quando, de passagem pela França, bateu na porta da maison de alta-costura de Louis Féraud para apresentar seus desenhos. “Nunca pensei que pudesse trabalhar nessa área. Estava na França em férias e queria apenas ver como as parisienses se vestiam”, contou em entrevista exclusiva à RFI em 2018.

Kenzo foi o primeiro estilista japonês a fazer sucesso em Paris, cidade que, segundo ele, lhe deu a liberdade de criar. “No Japão tudo é muito protocolar. Já em Paris, como eu não conhecia ninguém, fazia o que queria. Para mim foi uma liberdade total. Foi por essa razão que eu quis ficar em Paris. Claro que foi por causa da moda, mas também por essa liberdade”.

Vendeu seu nome, mas manteve sua aura

Kenzo fundou sua marca em 1970, com uma pequena loja na Galeria Vivienne, no centro da capital francesa. As estampas florais agradaram imediatamente a imprensa francesa, que o apoiou durante toda sua carreira.

Ele lançou a primeira linha masculina em 1983, o primeiro perfume cinco anos depois, com algumas fragrâncias que tiveram sucesso mundial. Em 1993, quando os conglomerados do mundo da moda começaram a se formar, a marca foi adquirida pelo grupo de luxo LVMH.

“É muito difícil fazer algo que seja ao mesmo tempo muito criativo e muito comercial. E é preciso ter os dois lados. Confesso que nos anos 1970 eu não me preocupava com os negócios. Apenas com os desfiles e as festas”, relembrou em 2018. “Com a chegada dos anos 1980, eu tive que organizar minha empresa e pensar mais no lado comercial. A coisa cresceu e os negócios prosperaram. Mas aí os jornalistas começaram e dizer que eu estava ficando comercial demais”, explicou.

No entanto, mesmo se há mais de 20 anos não era mais proprietário de seu nome, ele continuou muito ativo, lançando inúmeros projetos usando seu nome completo, Kenzo Takada. O estilista assinou linhas de decoração e até novos perfumes.

Em janeiro deste ano, ele anunciou o lançamento de uma linha completa de objetos de decoração, batizada de K三 (pronunciada K-3). Além de móveis, a coleção contava com um impressionante biombo realizado sob medida a partir de um quimono.

Kenzo chegou a receber alguns jornalistas em seu ateliê, instalado no prédio onde morava, diante da loja de departamentos Le Bon Marché. Entusiasmado, ele mostrou algumas peças da coleção e se disse motivado pelo novo projeto. A tal ponto que insistiu em levar os convidados, após o coquetel, para visitar o showroom, no Boulevard Saint-Germain, no meio da noite. 

A morte de Kenzo Takada foi anunciada em plena Fashion Week, em uma semana da moda perturbada pela pandemia de Covid-19, com boa parte dos desfiles realizados sem público ou em forma de vídeo. Uma ironia para um estilista que ficou famoso por seus desfiles espetaculares e que adorava festejar o lançamento de cada coleção. 

 

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