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França/Atentados

Livro Paris é uma Festa, de Hemingway, vira febre após atentados na França

Tudo começou com o depoimento da francesa Danielle, de 77 anos, em entrevista ao canal BFMTV, que virou febre na Internet. Ela disse, após os atentados de Paris, "muito revoltada com a estupidez", que "é muito importante ler o livro Paris é uma Festa, de Ernest Hemingway". E explicou: "Porque nós somos uma civilização muito antiga e nós colocamos nossos valores no lugar mais alto. E nós confraternizamos com 5 milhões de muçulmanos que exercem sua religião livremente e gentilmente. E nós combateremos os 10 mil bárbaros que dizem que matam em nome de Alá".

Capa da versão francesa de Paris é uma Festa
Capa da versão francesa de Paris é uma Festa
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O resultado é que o vídeo viralizou, impulsionado pela hashtag #DesFleursPourDanielle (flores para Danielle), e o livro de memórias do escritor norte-americano, que retrata o clima de efervescência cultural da Paris dos anos 1920, ganhou novo sopro de popularidade. A obra desapareceu rapidamente das prateleiras das livrarias da capital francesa.

Os exemplares da obra também foram usados para homenagear as vítimas, sendo colocados entre flores e velas na frente dos diferentes locais atacados pelos terroristas, como a casa de shows Bataclan e os restaurantes Le Petit Cambodge, Le Carillon e Casa Nostra. Os ataques deixaram 130 mortos e 351 feridos. Durante o minuto de silêncio em homenagem às vítimas na última segunda-feira (16), várias pessoas seguravam o livro de Hemingway.

Mais vendido na Amazon

"Paris é uma Festa" foi, na quarta-feira (18), o livro mais vendido da seção de biografias do site Amazon. O livro está atualmente em falta no estoque da gigante americana. Em geral, os livreiros vendem 10 exemplares da obra de Hemingway por dia. "Neste momento, são 500", conta David Ducreux, assessor de imprensa da editora Folio, que publica o romance.

Enquanto 8.000 exemplares de Paris é uma Festa são vendidos em média anualmente, a editora fará uma reimpressão de 15.000 exemplares do livro.  Esse entusiasmo lembra o que foi gerado em torno do Tratado da Tolerância, de Voltaire, em janeiro, após o ataque contra o jornal Charlie Hebdo. A editora teve que fazer uma reedição do livro do filósofo depois de vender 120 mil cópias.

Homenagem a Paris

Paris é uma Festa pode ser descrito como uma homenagem à capital francesa, mais precisamente à cidade nos anos 1920, local de encontro de escritores e artistas de todo o mundo, vibrante e mundana, boêmia e inspiradora. Hemingway relata suas experiências artísticas e pessoais e a relação com personalidades como a colecionadora Gertrude Stein, o pintor Picasso, o poeta Ezra Pound e os escritores James Joyce e F. Scott Fitzgerald.

Ernest Hemingway em seu apartamento em Paris em 1924
Ernest Hemingway em seu apartamento em Paris em 1924 Wikipedia

O autor norte-americano evoca o ambiente dos cafés e dos bistrôs, os encontros fortuitos e inesperados, a criatividade galopante e sem limites, a vida noturna, os cais, os boulevards, as pontes. Os encontros na livraria Shakespeare and Company, na margem esquerda do Sena, que ainda existe. Na época, Hemingway era um jovem escritor em início da carreira. Posteriormente ele atingiu o sucesso com obras como Por Quem os Sinos Dobram e O Velho e o Mar. O livro apenas foi publicado em 1964 - três anos após o suicídio do autor em Ketchum, no estado de Idaho (EUA).

"Essa era a Paris da nossa juventude, onde éramos muito pobres e muito felizes", escreve Hemingway no livro, para arrematar: "Paris sempre vale a pena. Ela retribui tudo aquilo que você lhe dá".

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