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Agência Espacial Europeia vai formar astronautas com deficiências físicas

A Agência Espacial Europeia (ESA) lançará na quarta-feira (23) o "Projeto de Viabilidade de Parastronautas", que dará a oportunidade a pessoas com deficiências físicas de se tornarem astronautas.

James Webb Space Telescope sendo preparado na Central Espacial Europeia, na Guiana Francesa.
James Webb Space Telescope sendo preparado na Central Espacial Europeia, na Guiana Francesa. © ESA-CNES-ARIANESPACE
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O projeto inédito será apresentado depois que os 22 Estados-membros da ESA definirem seu orçamento, em uma reunião em Paris. A ocasião também servirá para apresentar uma nova turma de astronautas, com entre quatro e seis selecionados entre cerca de 23.000 candidatos europeus.

Pessoas com deficiência física estavam excluídas até agora das seleções, conhecidas por seu alto grau de dificuldade.

“O Projeto de Viabilidade de Parastronautas requer uma mudança completa de filosofia" sobre a aptidão médica, um conceito de origem militar destinado a selecionar pilotos de combate, explicou à AFP Guillaume Weerts, médico-chefe dos astronautas da ESA.

Quando a campanha de recrutamento começou, em fevereiro de 2021, a agência anunciou que abriria as portas do espaço para um, ou mais, candidatos com deficiência nas extremidades inferiores (por amputação, ou malformação congênita). Seus nomes podem ser revelados nesta quarta-feira.

Pessoas com menos de 1,30 de altura, ou com pernas assimétricas também são elegíveis. As habilidades intelectuais e psicológicas exigidas são as mesmas de outros astronautas.

"Lidamos com um grande grupo de candidatos e conhecemos pessoas incríveis", disse Weerts, que participou das diferentes etapas de seleção.

O processo "demonstrou que a deficiência não é uma limitação".

Em paralelo, a ESA iniciou um "estudo de viabilidade" para o envio de um parastronauta a bordo de um voo tripulado, por exemplo, para uma estadia na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Primeiro parastronauta nos próximos dez anos

No universo das viagens espaciais, mesmo pequenas modificações podem se tornar extremamente complicadas e caras.

É o caso, por exemplo, dos sistemas existentes, projetados para pessoas de um determinado tamanho. Então, como garantir que "uma pessoa de baixa estatura tenha acesso aos botões?", questiona o funcionário da ESA.

A agência planeja trabalhar com os indivíduos selecionados para encontrar a melhor maneira de identificar e superar essas possíveis dificuldades.

O primeiro voo com um parastronauta pode ser organizado rapidamente? "O espaço não é uma atividade para pessoas com pressa", responde Weerts.

O calendário é difícil de prever, porque "depende muito do que encontrarmos", sublinha, especificando que ainda há muito trabalho a fazer depois de selecionados os candidatos.

Potencialmente, um astronauta com necessidades especiais poderá ser enviado ao espaço "nos próximos dez anos".

Kamran Mallick, diretor-geral da instituição de caridade britânica Disability Rights UK, considera o projeto "incrivelmente emocionante", já que as pessoas com deficiência "são deixadas de fora de tantas coisas boas que a humanidade faz".

"Se queremos explorar o Universo, temos que aceitar que a aventura não pode ser reservada apenas para um determinado grupo de indivíduos", disse Mallick à AFP, elogiando a iniciativa da ESA de trabalhar com astronautas deficientes para atender às suas necessidades.

"Estou em uma cadeira de rodas e é muito melhor quando as pessoas me perguntam o que funciona para mim, do que preciso, em vez de fazer suposições sobre o que alguém pode, ou não, fazer", declarou.

Ele se lembra de ter sonhado, quando adolescente, em se tornar um astronauta, assistindo ao lançamento de um ônibus espacial.

"Rapidamente me garantiram que isso não aconteceria. 'Você não deve aspirar a ser um astronauta', me disseram. Hoje me arrependo de não ter perseguido meu sonho", destacou.

(com AFP)

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