Aquecimento global provocou extremos meteorológicos em 2021 na Europa
O verão mais quente da história, termômetros que disparam, incêndios inesperados, inundações devastadoras: a Europa viveu uma avalanche de eventos meteorológicos extremos em 2021 que assinalam a necessidade de agir contra o aquecimento global, declara o relatório anual sobre o clima europeu, divulgado nesta sexta-feira (22).
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Desde a era pré-industrial, o planeta ganhou entre 1,1°C e 1,2°C, mas a Europa está se aquecendo mais rapidamente com um aumento médio de temperatura de +2°C, observa o serviço europeu sobre mudanças climáticas Copernicus (C3S).
Um aquecimento que já está multiplicando eventos climáticos extremos em todo o mundo, sem poupar a Europa.
“2021 foi um ano de extremos, incluindo o verão mais quente na Europa, ondas de calor no Mediterrâneo, inundações e falta de vento, mostrando que entender o clima e os extremos climáticos é cada vez mais importante para os principais setores da sociedade”, comentou em um comunicado Carlo Buontempo, diretor da Copernicus.
Mesmo que o ano inteiro não se enquadre entre os dez mais quentes do continente, o relatório confirma que o verão de 2021 foi o mais quente já registrado na Europa, 1°C acima da média dos últimos 30 anos.
O verão particularmente quente foi marcado por ondas de calor particularmente intensas que duraram várias semanas, com o termômetro atingindo 48,8°C na Sicília, um novo recorde europeu (que ainda não foi aprovado oficialmente) ou 47°C na Espanha, novo recorde nacional .
A Europa também foi palco de calor acompanhado de seca persistente, sobretudo no Mediterrâneo, criando condições propícias a incêndios, principalmente na Itália, Grécia e Turquia.
Uma área total de 800 mil hectares virou fumaça em julho e agosto, tornando essa temporada de incêndios uma das mais intensas da Europa em 30 anos.
Geleira da Groenlândia em seu ponto mais baixo
Por outro lado, após chuvas recordes em 14 de julho de 2021, a Alemanha e a Bélgica foram devastadas por inundações que deixaram mais de 200 mortos e bilhões de euros em danos. Um episódio cuja probabilidade aumentou de 20% a 900% devido ao aquecimento global, segundo pesquisadores da World Weather Attribution.
E um episódio de geada tardia na primavera, quando a natureza já havia brotado, danificou várias videiras e árvores frutíferas, da França ao norte da Grécia.
Por enquanto, a marca mais clara das mudanças climáticas na Europa é a intensificação das ondas de calor. Mas, segundo os cientistas, outros eventos extremos seguirão a mesma trajetória. “Esperamos que eles aumentem no futuro”, alerta Freja Vamborg, principal autora do relatório.
Esse inventário do clima europeu também mostra o aquecimento ainda mais rápido do Ártico, com uma média de +3°C em relação à era pré-industrial.
Se 2021 não é um ano recorde para o Ártico, a temperatura registrada foi 0,4°C acima do normal e os incêndios devastaram a região, em particular o leste da Sibéria, liberando 16 milhões de toneladas de carbono (4º maior volume desde o início das medições em 2003).
A calota polar da Groenlândia, por sua vez, derreteu como nunca antes, registrando sua menor extensão já medida, 72% abaixo do normal. Sob a influência de temperaturas acima do normal e ventos do sul, as geleiras derreteram em grande parte durante o verão, deixando o leste da Groenlândia praticamente sem gelo até o final da temporada.
"Os cientistas, em particular do IPCC (especialistas em clima da ONU), nos alertaram que o tempo está se esgotando para limitar o aquecimento a +1,5°C", o objetivo mais ambicioso do acordo de Paris, comentou Mauro Facchini, Diretor de Observação da Terra da Comissão Europeia.
Em seu último relatório publicado no início de abril, o IPCC enfatizou que a economia tinha de ser completamente restruturada e as emissões limitadas em menos de três anos para se preservar um mundo "habitável".
O relatório Copernicus "reforça a necessidade de agir diante de eventos climáticos extremos que já acontecem na Europa", insistiu Mauro Facchini.
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