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Em Madri, Lula comenta novamente guerra na Ucrânia e diz que não vê nenhuma das partes “falando em paz”

Após passar por Portugal, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou na tarde desta terça-feira (25) em Madri para a segunda etapa de seu giro europeu. O primeiro compromisso do chefe de Estado na capital espanhola foi o Encontro Empresarial Espanha Brasil. Lula chegou ao auditório da Casa América, local sede do evento, por volta das 18h30, acompanhado de diferentes membros da comitiva brasileira que realiza essa viagem.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva durante Fórum Empresarial Brasil-Espanha, em Madri.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva durante Fórum Empresarial Brasil-Espanha, em Madri. REUTERS - JUAN MEDINA
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Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em Madri

Em seu discurso para o público brasileiro e espanhol, Lula voltou a falar do conflito entre Rússia e Ucrânia, dizendo que entende como os europeus veem a guerra, já que “não se pode aceitar que um país invada a integridade territorial de outro”, mas que, ao mesmo tempo, não vê nenhuma das partes “falando em paz”. “Se o que invadiu está reticente e o que foi invadido tem sua razão para estar reticente, eu fico me perguntando quem é que vai tentar resolver essa situação”, resumiu.

O presidente disse ainda que vem conversando com diversas autoridades sobre o assunto. Entre elas, citou o chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente francês Emmanuel Macron, o presidente dos EUA Joe Biden e o presidente chinês Xi Jinping. “É a tentativa de construir um movimento que traga a paz de volta à Europa, para que a gente não sonhe toda noite com a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial ou até do uso de bomba nuclear. O que pode evitar isso é a sensatez de tentar encontrar um denominador comum para chegar à paz”, declarou Lula.

Além disso, o líder do executivo brasileiro voltou a criticar a taxa de juros e foi enfático ao salientar, mais de uma vez, que, em maio, o Brasil deve lançar um grande projeto voltado ao investimento em infraestrutura. Ao fazer uma retrospectiva da história recente do país, o presidente criticou o “retrocesso dos últimos seis anos” e a falta de avanços, em termos de política externa, no mesmo período.

No palco, Lula estava acompanhado da ministra da economia e vice-presidenta do governo da Espanha, Nadia Calviño, que discursou antes do líder brasileiro. Ela ressaltou o interesse em estreitar laços entre os dois países, declarando que o Brasil é um “sócio estratégico para a Espanha”.

Ela também comentou que seu país é o segundo principal investidor estrangeiro direto do Brasil, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Atualmente, existem mais de mil empresas espanholas presentes fisicamente no Brasil, com destaque para o segmento financeiro, responsável por 42% do estoque de investimentos, e para a telefonia, que representa 24%.

O painel com falas do presidente brasileiro e da vice-presidenta do governo da Espanha encerrou o evento que, antes, contou com a participação de diversos nomes do setor empresarial e econômico. Entre eles, os brasileiros Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, e Márcio Elías Rosa, secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

“O Brasil voltou”

Como um slogan, a frase “o Brasil voltou” se repetiu diversas vezes ao longo do encontro. Dita uma vez mais por Lula, ela já tinha sido proferida por outros brasileiros que passaram pelo palco do auditório que esteve lotado nesta terça-feira. A referência ao retorno do país ao cenário internacional foi feita, por exemplo, pelo presidente da Agencia Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Jorge Viana.

Afirmando que o Brasil estava distante da Europa e do mundo, Viana foi categórico ao defender que essa reaproximação, não só do país, mas América do Sul com a Europa, passa por essa viagem que Lula está fazendo aos países ibéricos.

Em entrevista à RFI, o presidente da ApexBrasil explicou a importância de fechar um possível acordo entre Mercosul e União Europeia, tema bastante comentado nos últimos dias. “Primeiro que abre-se um mercado extraordinário, de mais de 400 milhões de pessoas. Um mercado que é protegido, tem uma agricultura forte. Eu acho que cria-se uma sinergia”, disse.

Viana explicitou que “a ideia desse acordo prevê chegar a praticamente 95% de retirada de qualquer obstáculo para os produtos, seja da União Europeia ou do Mercosul, em 15 anos. Isso é extraordinário”, projetou. O presidente Lula também comentou a possibilidade de concretização desta aliança, que segundo ele, é aguardada há muito tempo.

Na quarta-feira, a agenda oficial do governo prevê que o presidente Lula encontre o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, às 10h no Palácio Moncloa. O rei da Espanha, Felipe VI, deve oferecer um almoço para a comitiva brasileira às 14h no Palácio Real.

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