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Múcio Monteiro: esclarecer atuação de ex-ministro em 8 de janeiro será “bom para virar a página”

No primeiro dia da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Portugal, coube ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, comentar sobre a saída do ex-general Gonçalves Dias à frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Para Monteiro, o esclarecimento sobre a participação do ex-ministro, conhecido como GDias, “vai ser bom” para o país “virar a página” da tentativa de golpe ocorrida em Brasília, oito dias após o retorno de Luiz Inácio da Silva ao Planalto.

Ministro da Defesa, Múcio Monteiro, ressaltou que Gonçalves Dias é amigo de Lula há quase 20 anos, mas "ficaram cicatrizes e as coisas pioraram" depois de 8 e janeiro.
Ministro da Defesa, Múcio Monteiro, ressaltou que Gonçalves Dias é amigo de Lula há quase 20 anos, mas "ficaram cicatrizes e as coisas pioraram" depois de 8 e janeiro. AP - Ton Molina
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Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a Lisboa

"Eu lamentei muito. Não concordo com essa narrativa de que houve leniência, porque ele é um dos mais fiéis amigos do presidente da República. É uma amizade de quase 20 anos”, explicou Monteiro, ao ser questionado sobre a divulgação de imagens em que o ex-chefe do GSI é visto dentro do Palácio do Planalto, durante as invasões. “Evidentemente que depois daquele dia 8 de janeiro, ficaram cicatrizes e essas coisas foram acompanhando. No fim, com o surgimento desses vídeos, as coisas pioraram”, contextualizou.

No dia seguinte à publicação dos vídeos pela CNN Brasil, Dias reuniu-se com o presidente e apresentou o seu pedido de demissão. “Tem certas coisas que quando você precisa se justificar muito, é melhor resolver de uma vez, e foi resolvido”, disse Monteiro a jornalistas no hotel em que a comitiva presidencial está hospedada, em Lisboa.

Ele defendeu que "tudo seja absolutamente esclarecido”sobre a participação do ex-ministro nos atos golpistas. "O culpado tem que pagar, para tirar suspeição que está em cima de alguns inocentes. Então isso tudo vai ser muito bom”, afirmou. "É bom para o governo e para a sociedade brasileira que essas coisas sejam esclarecidas, senão a gente não consegue virar essa página nunca, e nós precisamos virar essa página.”

Viagem antecipada

Em plena crise política, que resultou na primeira demissão do seu novo governo, Lula antecipou o embarque para Lisboa – previsto inicialmente para ocorrer na manhã desta sexta (21) em Brasília, mas que acabou ocorrendo na noite de quinta (20). Segundo Monteiro, a modificação da viagem ocorreu porque Lula preferiu voar à noite e descansar nesta sexta, antes da visita oficial de quatro dias no país.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Lisboa na manhã desta sexta (21), acompanhado da primeira-dama, Janja.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Lisboa na manhã desta sexta (21), acompanhado da primeira-dama, Janja. © Ricardo Stuckert

Em Lisboa desde às 10h35 desta sexta, o presidente não foi visto durante todo o dia depois de aterrissar na capital portuguesa, onde foi recebido com honras militares. Já a primeira-dama, Janja, saiu rapidamente do hotel Tivoli, no centro de Lisboa, e foi a uma loja de luxo a poucos metros do local.

 

Super Tucanos no padrão Otan

Na sua pasta, o ministro da Defesa vê com expectativa a possibilidade de ampliação da parceria com Portugal para a produção de aviões Super Tucanos no país europeu. Por se tratar de um país integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), os modelos teriam características de acordo com as exigidas pela aliança militar atlântica.

"Está caminhando muitíssimo bem. Esse avião nascerá aqui, o Super Tucano é brasileiro, brasileiríssimo, um sucesso da indústria brasileira”, destacou o ministro, referindo-se a mais um projeto com a portuguesa OGMA, subsidiária da Embraer no país europeu. "Mas ele, aqui, vai nascer com as características que a Otan exige, de maneira que é uma coisa muito boa pra o Brasil, para a Embraer e para os portugueses também.”

Brasília e Lisboa já têm um contrato em andamento para a fabricação de cinco cargueiros KC 390. A primeira unidade já foi finalizada e Lula deverá fazer uma viagem de Porto a Lisboa a bordo da aeronave, na segunda-feira (24), acompanhado do primeiro-ministro português, António Costa.

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