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Na COP 27, Lula critica “presidente que está em casa” e defende quebrar teto de gastos para área social

Em um encontro com representantes da sociedade civil nesta manhã, na 27ª Conferência do Clima da ONU no Egito, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que vai herdar de Bolsonaro “um pais muito pior do que em 2003”. Ele voltou a defender a quebra do teto de gastos, instaurada no governo de Michel Temer, em nome de “responsabilidade social".

O presidente eleito Lula da Silva fala durante encontro com a sociedade civil, em Sharm El-Sheik, Egito.
O presidente eleito Lula da Silva fala durante encontro com a sociedade civil, em Sharm El-Sheik, Egito. REUTERS - MOHAMED ABD EL GHANY
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Lúcia Müzell, enviada especial a Sharm el-Sheikh,

“Se o teto de gastos fosse para discutir que a gente não vai pagar a quantidade de juros para o sistema financeiro que a gente paga todo o ano, mas a gente fosse continuar mantendo as políticas sociais básicas. Mas não”, argumentou Lula. “Quando você coloca uma coisa chamada teto de gastos, tudo que acontece é você tirar dinheiro da saúde, tirar dinheiro da educação, tirar dinheiro da ciência e tecnologia, tirar dinheiro da cultura. Você tenta desmontar tudo aquilo que faz parte do social. E você não mexe em um centavo do sistema financeiro. Você não mexe um centavo daquele juro que os banqueiros têm que receber", complementou.

O discurso foi feito depois de o petista ouvir as reivindicações de organizações ambientalistas, indígenas, do movimento negro e das periferias, em uma sala do evento no balneário de Sharm El-Sheikh. Esta foi a terceira vez que o presidente eleito se pronunciou na COP27, onde chegou na madrugada de terça-feira (15).

"Se eu falar isso, vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência", afirmou Lula. Para ele, essas movimentações dos mercados financeiros não ocorrem "por causa das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que ficam especulando todo santo dia".

Ao lado da futura primeira-dama, Janja, e do ex-ministro Fernando Haddad, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva ouviu as demandas da sociedade civil brasileira na COP27.
Ao lado da futura primeira-dama, Janja, e do ex-ministro Fernando Haddad, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva ouviu as demandas da sociedade civil brasileira na COP27. © Lúcia Müzell/RFI

Críticas a Bolsonaro

O presidente eleito defendeu o cumprimento da meta de inflação, mas condicionada a metas de crescimento econômico, para sustentar a geração de emprego e renda. “Se não, como você vai fazer para que a riqueza seja distribuída? Nós temos que garantir que vamos aumentar o salário mínimo acima da inflação", explicou.

Falando para um público favorável, Lula voltar a prometer combater a fome, os crimes ambientais e fortalecer a cultura e a educação, além de ampliar o diálogo com a sociedade civil – afastada da delegação oficial brasileira nas COPs pelo governo Bolsonaro.  

“Durante quatro anos, o presidente, que está dentro de casa desde que foi derrotado, não fez encontro com nenhuma organização da sociedade civil. Ele nunca se reuniu com ninguém da sociedade civil para discutir os problemas do povo brasileiro. Mas ele ofendeu as mulheres, ofendeu a periferia, ofendeu negros, quilombolas, pessoas com deficiência”, disse Lula. “Nos vamos ter uma tarefa muito delicada. Vamos pegar um pais pior do que nós pegamos em 2003, e vamos pegar um país com uma coisa mais grave que é a tentativa do desmonte e do descrédito das instituições”, salientou.

O petista ainda frisou que vai batalhar para a promoção de um agronegócio mais sustentável no Brasil, que respeite as florestas e os territórios indígenas. “Dizem ‘o agronegócio não gosta do Lula’. Eu não quero que goste, eu só quero que me respeite, como eu respeito eles”, frisou, sob aplausos. “O agronegócio sabe que não pode fazer queimada em lugar que não pode queimar, não pode fazer derrubada de florestas como o Brasil faz.”

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