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Imprensa/Impeachment

Correspondente do Le Monde compara impeachment de Dilma a novela

A edição de hoje do jornal francês Le Monde traz uma página inteira sobre o julgamento final do impeachment de Dilma Rousseff. A correspondente da publicação no Brasil começa seu texto afirmando que, até ontem, quando começou o processo no Senado, a presidente afastada vivia isolada, quase abandonada, no Palácio da Alvorada. E definiu os dias da chefe de Estado como tranquilos e tediosos.

REUTERS/Ueslei Marcelino
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A correspondente lembra que, em pleno período dos Jogos Olímpicos, Dilma leu para os jornalistas uma carta em sua defesa, que passou despercebida. A missiva foi preparada durante semanas e tinha como objetivo sensibilizar a opinião pública e os senadores a oito dias do início do julgamento final. Na carta, Dilma também reconheceu erros cometidos durante sua gestão, sem especificá-los. Os editoriais classificaram a ação como "uma carta sem destinatário" e "a prova do amor de Dilma pelo monólogo".

A reportagem cita também uma pesquisa recente do jornal Folha de S. Paulo, que mostra que 48 dos 81 senadores são favoráveis ao impeachment e 18, contra. São necessários dois terços dos votos para que ela seja afastada definitivamente, ou seja, 54.

Segundo a correspondente, o resultado parece tão evidente que o sociólogo Jessé Souza, ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, já publicou um livro chamado "A Radiografia do Golpe". Na obra, ele retrata Dilma como vítima das elites econômicas, que teriam instrumentalizado o tema da corrupção para derrubar uma mulher e um partido contrários aos seus interesses.

Impeachment: uma novela de grande audiência

O Le Monde afirma ainda que, como seus vizinhos latino-americanos assombrados pela ingerência de Washington, o Brasil também conta com diversas teorias da conspiração. Porém a jornalista francesa afirma que o processo do impeachment se assemelha mais ao enredo de uma novela, oferecendo ao público um espetáculo intenso do mundo político.

A publicação faz então uma retrospectiva dos principais fatos que levaram ao processo de destituição de Dilma, começando com o escândalo de corrupção na Petrobras e os protestos comandados nas ruas pelo Movimento Brasil Livre. O texto lembra os principais personagens do que chama de novela, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que a correspondente descreve como o "Frank Underwood" do Brasil, em referência ao protagonista manipulador e maquiavélico da série televisiva norte-americana "House of Cards".

Outros personagens do roteiro da vida real citados são Delcídio do Amaral, cuja delação premiada comprometeu Lula e Dilma, e o presidente interino Michel Temer, que compôs o seu ministério sem mulheres e negros. Lembra também o ex-ministro Romero Jucá, demitido após a divulgação de uma gravação em que diz que "temos que tirar Dilma para estancar a hemorragia causada pela operação Lava Jato".

O texto termina dizendo que a presidente afastada fará um discurso na próxima segunda-feira no Senado para denunciar o que qualifica de golpe de Estado.
 

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