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Brasil

Em Nova York, Dilma diz que é vítima de golpe e lutará por seu mandato

Em coletivas de imprensa realizadas na sexta-feira (22) em Nova York, a presidente Dilma Rousseff se disse vítima de um golpe político no Brasil. A conversa de mais de uma hora com os correspondentes estrangeiros se deu no momento em queu ma luta pela narrativa do processo de impeachment ocorre na imprensa internacional.

A presidente brasileira Dilma Rousseff, ao assinar o Acordo do Clima de Paris na sede da ONU em Nova York, nesta sexta-feira (22).
A presidente brasileira Dilma Rousseff, ao assinar o Acordo do Clima de Paris na sede da ONU em Nova York, nesta sexta-feira (22). REUTERS/Carlo Allegri
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York 

No dia em que a presidente desembarcava na cidade, o vice-presidente Michel Temer teve perfil pouco elogioso publicado pelo The New York Times, ilustrado por imagem de protesto anti-golpe na frente de sua casa em São Paulo.

Nas duas coletivas concedidas ontem à imprensa estrangeira e brasileira, depois de um sóbrio discurso na ONU, Dilma aproveitou a oportunidade para dizer aos jornalistas que vai lutar pelo mandato.  As coletivas foram realizadas na residência do embaixador do Brasil na Missão da ONU, o ex-ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota.

Dilma destacou que se sente vítima de um golpe, mas não aceitará críticas dos que vêem seu aceno à comunidade e à mídia internacionais como um processo de auto-vitimização. Segundo ela, essa avaliação diminui a imagem da democracia brasileira no exterior.

Na conversa com os jornalistas estrangeiros, que ocorreu após a presidente almoçar e passear no Museu de Arte Moderna (MoMA), Dilma partiu, segundo matéria do New York Times, “para a ofensiva”. A presidente classificou seus opostiores de “golpistas” e “conspiradores”, sublinhando que serão julgados duramente pela História. Dilma também disse que “lutará com todas as forças para que o Brasil não se torne um país em que a lei e a democracia serão aviltadas”.

Dilma se emociona ao conversar com jornalistas brasileiros

Na conversa com a imprensa brasileira, Dilma repetiu alguns dos assuntos e avançou em outros, terminando a conversa em tom emocionado. Quando perguntada como sua família está reagindo à crise política que pode levá-la à perda do mandato, ela respondeu, com a voz embargada: “Imagine a dor deles”.

Caso haja a aprovação do processo de impeachment pelo Senado, a presidente disse que irá recorrer ao Mercosul e à Unasul, que preveem a suspensão de país onde ocorre ruptura democrática. O mecanismo foi utilizado contra o Paraguai em 2012, quando o ex-presidente Fernando Lugo foi deposto pelo Congresso.

A chefe de Estado também criticou os três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – Dias Toffoli, Celso de Mello e Gilmar Mendes – que se posicionaram publicamente contra a tese do golpe. "Eles não deveriam fazer manifestações públicas, pois poderão ter de me julgar no processo de impeachment. E trata-se da opinião de três ministros apenas, não do STF", afirmou.

Impeachment no Brasil é político e jurídico, diz Dilma

A presidente foi irônica ao analisar o debate no Brasil sobre o impeachment que, segundo ela, considera apenas parte da lei sobre crime de responsabilidade. "Não fiz nada de errado. Ao contrário dos que pretendem assumir o poder, tive 54 milhões de votos e jamais fui acusada de ter contas no exterior com dinheiro oriundo de corrupção. Me sinto injustiçada pelos que dizem que o impeachment no Brasil é político. Não. É político e jurídico e é isso que a Constituição diz."

Dilma também comentou o comportamento de seus opositores e parte da opinião pública brasileira. "Ninguém pode olhar para o presidente e dizer: 'Não gostei, então, agora encerramos tudo e vou assumir o poder', de forma indireta, sem eleição nem nada. Não é correto, é uma injustiça. Sou vítima por um processo absolutamente infundado, de um golpe que se dá não pela força das armas, mas das mãos. E se a presidente do Brasil é vítima de um processo ilegal, golpista e conspirador, imagine o que poderá ocorrer à população pobre do Brasil quando seus direitos forem afetados?", finalizou.

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