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Sem oposição, Ortega é reeleito para quarto mandato na Nicarágua com 75% dos votos

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, foi reeleito para um quarto mandato de cinco anos, com 75% dos votos, segundo resultados oficiais parciais divulgados nesta segunda-feira (8) pelo tribunal eleitoral do país. Os dados se baseiam na apuração de cerca de 49% dos locais de votação. A taxa de participação foi, até agora, de 65,34%. As eleições deste domingo foram qualificadas de "farsa" pelo presidente americano Joe Biden. 

Eleitor passa diante de um cartaz de Daniel Ortega durante as eleições gerais em Manágua, neste domingo.
Eleitor passa diante de um cartaz de Daniel Ortega durante as eleições gerais em Manágua, neste domingo. AP - Andres Nunes
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Em segundo lugar, com avec 14,4% dos votos, chegou o liberal Walter Espinoza, de acordo com a presidente do tribunal, Brenda Rocha. Espinoza é acusado pela oposição de ser aliado de Ortega.

Mais cedo, o observatório Urnas Abertas, próximo à oposição, afirmou que a taxa de abstenção alcançou 81,5%, segundo 1.450 observadores não autorizados em 563 locais de votação. Mesmo sem resultados oficiais, simpatizantes de Ortega festejaram durante a noite, em vários bairros da capital Manágua.

Após eleições polêmicas, com sete opositores detidos, Ortega, que chegou ao poder pelas urnas em 2007 e completará 76 anos na quinta-feira (11), continuará na presidência e liderando a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), ao lado da influente Rosario Murillo (70), sua esposa, candidata à vice-presidência pela segunda vez.

O ex-guerrilheiro, que também governou o país nos anos 1980, depois que a FSLN derrubou em 1979 o ditador Anastasio Somoza, enfrentou cinco candidatos, desconhecidos e classificados como colaboradores do governo.O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou de "farsa" as eleições, e a Costa Rica - vizinha da Nicarágua - não reconheceu o pleito, enquanto o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reiterou apoio a Ortega. Os 4,4 milhões de eleitores também definiram os 90 deputados do Congresso.

A votação, com 30.000 militares e policiais nas ruas, aconteceu sem incidentes, mas a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) citou no Twitter relatos de "detenções arbitrárias, assédio e restrições à imprensa". As eleições acontecem três anos e meio após os protestos de 2018 que exigiram a renúncia de Ortega. A repressão deixou pelo menos 328 mortos e mais de 100.000 exilados, o que provocou uma grande crise no país de 6,5 milhões de habitantes da América Central.

Em uma ofensiva nos últimos meses contra a oposição, três partidos foram considerados ilegais. Sete aspirantes à presidência e 32 ativistas sociais políticos, empresários e jornalistas foram detidos. Desde 2018, 120 opositores foram presos. Depois de votar, Ortega chamou os opositores de "terroristas" e "demônios" que conspiraram para impedir as eleições. "Neste dia, desafiamos aqueles que promovem o terrorismo, financiam a guerra, aqueles que semearam o terror e a morte" nos protestos antigovernamentais de 2018, declarou.

Daniel Ortega ao lado da mulher, a vice-presidente vice-presidenta Rosario Murillo
Daniel Ortega ao lado da mulher, a vice-presidente vice-presidenta Rosario Murillo Cesar PEREZ PRESIDENCIA NICARAGUA/AFP

Sanções

"Estavam conspirando, não queriam realizar estas eleições", justificou o presidente. "Semeiam morte, ódio e terror. São demônios que não querem a paz", afirmou.

De acordo com leis aprovadas em 2020, os detidos foram acusados de atentar contra a soberania, promover sanções internacionais, "traição à pátria" ou "lavagem de dinheiro", como é o caso da principal aspirante de oposição à presidência, Cristiana Chamorro, filha da ex-presidente Violeta Barrios (1990-1997) e que está em prisão domiciliar. Ortega é acusado pelos críticos de "nepotismo" e de instaurar uma "ditadura". Ele chama os opositores de "golpistas" patrocinados por Washington.

A comunidade internacional já havia criticado as eleições por considerá-las não democráticas. Estados Unidos e UE anunciaram sanções ao círculo íntimo de Ortega. Biden assinará um arsenal de medidas, com base na lei 'RENASCER', para aumentar a pressão sobre o governo de Ortega. A situação na Nicarágua será debatida esta semana na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que pode suspender o país do bloco regional. Analistas advertem que um isolamento vai piorar a situação socioeconômica e provocará um novo aumento da migração.

O presidente nicaraguense e ex-guerrilheiro Daniel Ortega fala com os trabalhadores das fábricas em uma reunião pública, em 1985
O presidente nicaraguense e ex-guerrilheiro Daniel Ortega fala com os trabalhadores das fábricas em uma reunião pública, em 1985 CHRISTOPHER VAIL AFP/Archivos

(Com informações da AFP)

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