Eleições legislativas no Egito devem garantir mais poder ao presidente Al-Sissi
As eleições legislativas começaram neste domingo (18) no Egito e serão realizadas em diferentes etapas até o dia 2 de dezembro. Mais de 55 milhões de eleitores devem participar de uma votação vista como a última etapa da volta do processo democrático ao país. Mas os opositores do presidente Abdel Fattah Al-Sissi denunciam cada vez mais seu autoritarismo.
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Seguro de sua vitória nas urnas, Al-Sissi, convocou neste sábado (17) os egípcios a comparecerem em massa às primeiras eleições legislativas desde a dissolução do parlamento, em 2012. Depois de assumir a presidência, Al-Sissi promoveu uma aproximação com grupos de oposição prometendo convocar as eleições legislativas.
Homem forte do país, o presidente tem como principal adversário a coalizão "Pelo amor do Egito", de centro direita, que reúne ex-ministros e empresários vinculados ao regime do ex-presidente Hosni Mubarak.
A Irmandade Muçulmana será a grande ausente destas eleições. Na votação de 2012, o movimento islâmico foi o grande vencedor ao conquistar 46% das cadeiras do parlamento. Mas em julho de 2013, depois que o general Al-Sissi destituiu o ex-presidente Mohamed Mursi, o movimento islâmico foi declarado organização terrorista e foi proibido de exercer atividades políticas.
É a primeira vez em 30 anos que uma votação é realizada sem a participação da Irmandade Muçulmana. O peso dos islâmicos será avaliado pela votação no partido salafista "al Nour", que se aliou ao presidente Al-Sissi.
Eleições sem grandes expectativas
As eleições, que deveriam simbolizar a última etapa da transição democrática, são duramente criticadas pelos observadores. No Egito, os opositores sofrem forte repressão. Pelo menos 15 mil pessoas estão detidas por supostamente desafiarem o regime. Segundo especialistas, os futuros 596 deputados eleitos apenas irão se curvar às decisões do governo do general Al-Sissi.
A grande dúvida é sobre a taxa de participação. Se menos de 40% dos mais de 55 milhões de eleitores comparecerem às urnas, a votação será considerada um revés para o governo egípcio.
O cientista político, Mustapha Kamel al-Sayyid confirma o desinteresse dos egípcios pelas eleições legislativas. "Como não há debate político e nem verdadeiras mudanças em jogo, acho que (a votação) é muito desestimulante para os cidadãos", avalia.
De acordo com a Constituição, todas as urnas devem ser supervisionadas por magistrados. Mas diante da falta de profissionais para conferir as milhares de urnas por todo o país, a votação foi dividida, explica o correspondente da RFI no Cairo, Alexandre Buccianti.
Eleições complicadas
A votação a partir deste domingo será em dois turnos em 14 províncias nas regiões oeste e sul do Egito. Em novembro, outras 13 províncias, incluindo o Cairo e o leste do país vão às urnas.
Outro fator complicador é que cada eleitor tem dois tipos de cédula para votar: ele escolhe 448 deputados por eleição direta em dois turnos e ainda vota em outros 120 candidatos de outras listas. Os mais votados desse último sistema são eleitos. O objetivo é evitar uma votação expressiva em mulheres, jovens, cristãos e portadores de deficiências.
Outro grande desafio das eleições legislativas é a segurança. Mais de 300 mil soldados e policiais foram mobilizados para evitar incidentes de violência em um país acostumado a ondas de atentados.
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