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Lula/Argentina

Perda do grau de investimento "não significa nada", diz Lula na Argentina

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou o rebaixamento da nota creditícia do Brasil. Durante um seminário sobre responsabilidade social em Buenos Aires, nesta quinta-feira (10), Lula disse que a decisão da agência classificadora de risco Standard & Poor's de retirar o grau de investimento do Brasil "não significa nada". Ele também fez um apelo por um entendimento entre Venezuela e Colômbia.

Lula em Buenos Aires.
Lula em Buenos Aires. REUTERS/Enrique Marcarian
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Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

O ex-presidente também disse que agência classificadora de risco Standard & Poor's não tem coragem de reduzir a nota dos países ricos europeus.

"É importante que a gente tenha em conta que o fato de ter diminuído o grau de investimento de um país não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem", desdramatizou.

Para Lula, com o rebaixamento vem uma receita que o governo brasileiro não deve aceitar: o ajuste.

"A gente tem que fazer o que a gente quer porque, quando eles diminuem (a nota da dívida), vem a receita: mais arrocho, mais ajuste, mais desemprego, mais corte de gasto... Não vem nunca mais educação, mais profissionalismo, mais investimento", indicou.

Lula fez críticas à Standard & Poor's. Sugeriu que a agência classificadora de risco tem duas varas e duas medidas quando se trata de países emergentes e países ricos.

Dor de barriga

"É engraçado como é que eles têm facilidade para tomar medidas quando a dor de barriga é na América Latina. Todo mundo sabe quantos países da Europa estão quebrados e eles não tem coragem de diminuir o grau de investimento de nenhum país", comparou.

Durante o discurso de uma hora e dez minutos, Lula criticou as políticas de ajuste que sempre falharam no passado. A crítica ocorre justamente quando o governo Dilma Rousseff corta gastos e procura aumentar impostos para aumentar a arrecadação fiscal para conter a crise.

"A mim, me assusta muito a visão de todos aqueles que, no primeiro sintoma de uma crise, começam a falar em ajuste. E ajuste significa corte de salário, significa corte de emprego, significa você voltar ao patamar de miséria em que você estava para poder recuperar a economia. A mim, não me agrada", declarou.

Para Lula, ajustar a economia significa levar um país ao empobrecimento. "E a última experiência que nós temos, antes de nós chegarmos ao governo em 2003, era que todas as experiências de ajuste, feitas na década passada, levaram todos os países ao empobrecimento. Nós vimos que, com a crise no mundo em 2008, percebemos que todos aqueles que tinham as soluções prontas para as nossas crises, não souberam resolver a crise deles até agora, passados sete anos. E todos os países que fizeram ajuste tiveram aumento da dívida pública depois de sete anos de ajuste", concluiu.

 Venezuela e Colômbia

O ex-presidente Lula fez um apelo internacional ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e ao da Colômbia, Juan Manuel Santos. Os dois países vivem um momento de tensão devido à decisão da Venezuela de fechar a fronteira com a Colômbia e de deportar cidadãos colombianos.

"Eu queria para fazer um apelo ao presidente Maduro e ao presidente Santos. Eu acho que a melhor solução para a Colômbia e para a Venezuela, ao invés de ficar culpando os coitados dos pobres, é sentar os dois presidente e tentar encontrar uma solução amigável para a Colômbia e para a Venezuela", pediu.

O apelo foi aplaudido pela plateia de diplomatas, acadêmicos e empresários durante um seminário de responsabilidade social em Buenos Aires.

Paz

Lula pediu que Venezuela e Colômbia mantenham a paz na região. "Eu acho que, se em tempo normal a paz é boa, em tempo de crise econômica, a paz é muito melhor. O que a gente consegue resolver conversando é muito mais barato do que resolver guerreando. Portanto companheiros, e eu gozo da amizade de Maduro e de Santos, sentem-se numa mesa porque é isso o que o povo espera de vocês: um bom acordo", instou.

Para Lula, quem deve resolver o conflito Venezuela-Colômbia é a União de Nações Sul-americanas (Unasul) e não a Organização dos Estados Americanos (OEA), sob forte influência dos Estados Unidos.
 

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