Les Echos diz que Brasil é o país emergente que mais preocupa investidores

O Brasil é destaque em dois jornais franceses nesta terça-feira (1). Libération fala da volta do ex-presidente Lula à linha de frente, depois dele declarar que poderá se candidatar à sucessão de Dilma Rousseff em 2018. Já o diário econômico Les Echos, em uma ampla reportagem sobre os países emergentes, adverte sobre os riscos que voltaram a pairar sobre os títulos da dívida de países como Brasil, Rússia, Venezuela, Ucrânia e Turquia, entre outros.

Artigo do jornal francês Les Echos desta terça-feira destaca as dívidas dos países emergentes. Fotomontagem

O Brasil, segundo Les Echos, é o país que mais preocupa os investidores. Brasília está na mira das agências de notificação de risco financeiro, que poderiam em breve rebaixar os títulos da dívida à categoria especulativa. A dívida externa brasileira é pequena, se comparada a de outros países, e as reservas suficientes para honrar os reembolsos, nota Les Echos. "Mas o país sofre de um verdadeiro problema de crescimento, que deteriora as contas públicas em uma velocidade impressionante", avalia o diário.

O jornal francês já vê o FMI batendo na porta do Brasil para socorrê-lo, caso a situação piore nos próximos meses. Les Echos lembra que o Rio Grande do Sul não conseguiu reembolsar, recentemente, o que devia à União, levando o governo federal a bloquear as contas do estado − um mau sinal. O diário também alerta sobre as dificuldades econômicas dos vizinhos do Brasil, principalmente Venezuela e Argentina, que deu um calote técnico de sua dívida.

Lula: caminho de obstáculos

Libération comenta as intenções do ex-presidente Lula de voltar ao Palácio da Alvorada. O "velho leão da esquerda", que em breve vai completar 70 anos, pensa em abandonar a aposentadoria e não descarta concorrer à presidência em 2018, escreve Libé.

O jornal estima que a situação que leva o ex-presidente a essa decisão é na verdade "dramática". Segundo o diário, a "protegida" de Lula, a presidente Dilma Rousseff, está mergulhada junto com seu governo de centro-esquerda no escândalo de corrupção da Petrobras. Apenas 8% da população aprova o governo Dilma e "uma parte do eleitorado e a oposição de direita pedem o impeachment."

Para Libération, mesmo existindo muita gente que não queira ver um retrocesso nas conquistas sociais e de educação promovidas pelo PT, impedir a vitória dos conservadores na próxima eleição presidencial vai ser "um caminho da cruz" para a esquerda no poder.