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Curta de Filipe Galvon sobre imigrante brasileiro em Paris é premiado na França

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O curta metragem “Aureo e Mirele” é o último trabalho do cineasta brasileiro Filipe Galvon, radicado na França desde 2013. O filme acompanha a instalação de um imigrante brasileiro, negro e gay, que sonha em ser bailarino em Paris, depois de ter passado pelos Estados Unidos. O curta foi recompensado durante o último Festival de Cannes, com o prêmio Diversidade de uma mostra paralela.

Filipe Galvon, cineasta
Filipe Galvon, cineasta © RFI
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“Aureo e Mirele” foi selecionado em uma mostra de curtas-metragens paralela ao “Mercado do Filme”, realizado ao mesmo tempo que o Festival de Cinema de Cannes, nas duas últimas semanas de maio, e venceu. A recompensa não é financeira, mas representa “uma chancela” que pode ajudar no desenvolvimento do projeto. A proposta de Filipe Galvon é continuar acompanhando a vida de “Aureo” em Paris e transformar o curta em um longa-metragem.

“Eu encontrei esse personagem e fiquei apaixonado pela história dele, porque é ao mesmo tempo a história de todos nós, a história de alguém que tenta, em um outro país, se reinventar”, conta o cineasta.

“Aureo” queria ser bailarino clássico desde a infância, em um bairro pobre de Porto Alegre. Em busca do sonho imigrou para os Estados Unidos, onde foi missionário mórmon e cabeleireiro. Aos 54 anos, atravessou o Atlântico e veio para a França para tentar, enfim, concretizar seu desejo.

Cartaz do filme do cineasta Filipe Galvon.
Cartaz do filme do cineasta Filipe Galvon. © Divulgação/ Assessoria de Imprensa

Mulher misteriosa

“Ele passa por diversas barreiras, algumas ciladas e coisas complexas, buscando a própria identidade”, afirma Filipe Galvon, dizendo que se “espelhou” no personagem. Em Paris, o curta acompanha a vida e os preparativos do imigrante para receber uma misteriosa mulher, chamada Mirele.

O cineasta acredita que “a busca por um espaço para a Mirele, que é a luta do Aureo nessa aventura em Paris, define um pouco o que ele tentou buscar toda a vida dele”. Filipe Galvon mantém o clima de suspense e não quer que o final do filme seja revelado, mas antecipa que o epílogo é feliz. “De uma certa forma, ele consegue realizar esse sonho”, revela. 

Crônicas brasileiras a partir da França

Os primeiros documentários de Filipe Galvon são narrativas bem pessoais, como “Encantado”, de 2018, que fazem uma crônica brasileira a partir da França. Com “Aureo e Mirele”, o cineasta mudou de registro, mas diz que o curta também fala de política e do Brasil. “Fala um pouco de um país historicamente hostil à população LGBTQIA+, às mulheres, à população negra. Tudo isso está no filme, através da história dele.”

Paralelamente à vida de Aureo, Filipe Galvon continua suas crônicas brasileira a partir da França e prepara um próximo documentário, “Etoile”. O filme é uma continuação de “Encantado” e um olhar sobre o crescimento da extrema direita no Brasil.

“O mecanismo de desencanto, e até do encantamento que rapidamente se esvai, continua. Ele segue acontecendo para muitas pessoas que votaram no Lula e eu até fui uma delas”, salienta.

O documentarista lembra que a alegria pela vitória “durou cinco minutos” e que logo depois veio a “consciência da realidade de que seria muito difícil e que, na verdade, o país estava fraturado”. Ele espera que o país consiga se “reinventar e não voltar a velhas formas”.

”É sobre isso que eu quero um pouco dizer e depois, talvez, parar de falar um pouco sobre sobre isso", afirma. "Não sei, depende do que vai acontecer.”

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