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Reportagem

Festival Cinélatino de Toulose presta homenagem ao Cinema Novo

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Mais do que uma competição de filmes, o Cinélatino de Toulouse é um evento que se desdobra em palestras, encontros com acadêmicos e com o mercado do audiovisual. O Brasil vem ocupando cada vez mais espaço neste festival, que há 35 anos destaca a riqueza e a diversidade da cinematografia latino-americana e suas preocupações. Esta edição também homenageia o movimento Cinema Novo.

Cena do filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha (1964).
Cena do filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha (1964). © Divulgação
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Maria Paula Carvalho, enviada especial da RFI a Toulouse

Neste sábado (25), foi lançada a tradicional revista do Cinema da América Latina, trilíngue, em francês, espanhol e português. Uma prova da importância do cinema brasileiro, que este ano também é tema de uma mostra paralela e de debates, como explica o produtor e cineasta Rafael Sampaio. 

“Acredito que neste momento há um interesse não só daqui do festival, mas do mundo para entender o que está acontecendo com o Brasil. Os últimos quatro anos foram muito difíceis. Um governo de extrema direita muito polêmico e pouco diplomático, o que despertou a atenção negativamente para o Brasil", observa o cineasta. “O cinema, através de uma pluralidade de vozes poéticas, permite o entendimento de outras perspectivas da história e um conhecimento que, às vezes, outros países não têm sobre a nossa história", acrescenta Sampaio.  

O diretor do BrLab ajudou a escolher os oito filmes do Ciclo Brasil, Cinema e Política, aberto neste sábado com a projeção do longa-metragem Serras da Desordem, exibido fora de competição.   

Com partes documentais e cenas produzidas, Andrea Tonacci conta a história comovente de Carapiru, um indígena Guajá que sobreviveu ao massacre de sua tribo e ficou refugiado em seu próprio país. A luta dos indígenas pela sobrevivência, retratada neste longa-metragem de 2006, é assunto da atualidade no Brasil e no mundo, como destaca Brigitte Neulat, uma das juradas do Cinélatino. “O interesse é a universalidade dos temas, como se o nosso planeta diminuísse e que os problemas dos outros se tornassem problemas agudos para todo mundo”, diz. 

Em busca do Cinema Novo 

Nesta edição, o Cinélatino promove um mergulho nas coleções do Instituto Nacional do Audiovisual da França (INA), em busca de registros do Cinema Novo. A partir de 1966, a televisão francesa documentou esse movimento cinematográfico, como explica Sylvie Debs, pesquisadora do cinema brasileiro que vai falar sobre essa descoberta, na terça-feira (28). 

"São arquivos fabulosos, eu não sabia que nos anos 1960 foi feita mais de uma hora de entrevista com todas as pessoas do Cinema Novo, Nelson Perereira do Santos, Cacá Digues, Gustavo Dahl, Eduardo Coutinho, etc. E também com críticos e cineastas franceses, como Louis Marcorelles, Pierre Billard, Edgar Morin que destacaram o que estava acontecendo no cinema brasileiro", afirma.

"Realmente se juntaram um grupo de jovens contra o cinema capitalista de Hollywood feito nos estúdios. E com as mudanças tecnológicas, porque você tinha câmeras mais leves, a famosa frase 'uma ideia na cabeça e uma câmera na mão' realmente podia se realizar", explica a especialista. "O que esses cineastas jovens queriam retratar não era o Brasil moderno, a construção de Brasília, mas justamente a parte da população brasileira que ficava de fora, os nordestinos e as favelas nas cidades", conclui Debs.

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