Godard e Glauber Rocha colaboraram na busca por um cinema político
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Jean-Luc Godard, que morreu essa semana aos 91 anos, influenciou e dialogou com o Cinema Novo, mas também foi influenciado pelo movimento cinematográfico brasileiro, afirma o crítico suíço Patrick Straumann. Glauber Rocha foi próximo e colaborou com o cineasta franco-suíço. Em seu período militante, Godard realizou em 1970 o filme "Vento do Leste", com a participação de Glauber que aparece no longa com os braços abertos em uma encruzilhada, indicando os caminhos possíveis do cinema político.
“A bout de Souffle”, "Acossado" em português, foi o primeiro longa-metragem do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard que morreu essa semana aos 91 anos, após recorrer ao suicídio assistido. O filme estreou em 1960, provocou um choque no mundo do cinema por sua liberdade estética e consagrou o diretor, pioneiro da Nouvelle Vague.
Depois vieram outras obras emblemáticas, como “O Desprezo”, sempre com a mesma liberdade. Sem perder o olhar crítico, Godard nunca deixou de acompanhar a evolução do cinema e se reinventou incessantemente. Um gênio, resume o crítico suíço Patrick Straumann.
Godard e a Nouvelle Vague influenciaram e dialogaram com cinematografias nacionais, como o Cinema Novo brasileiro. Glauber Rocha, autor do célebre manifesto "Uma Estética da Fome", foi próximo e colaborou com o cineasta franco-suíço. Em seu período militante, Godard realizou em 1970 o filme "Vento do Leste". Glauber, líder do Cinema Novo, aparece no longa com os braços abertos em uma encruzilhada, indicando os caminhos possíveis do cinema político.
Legado
A morte de Jean-Luc Godard encerra um ciclo da história do cinema mundial aberta com a Nouvelle Vague, o movimento mais famoso do cinema francês. Mas o legado dele, de uma linguagem cinematográfica livre, continuará presente nas telas, acredita Patrick Straumann.
Os primeiros filmes de Godard permanecem vibrantes até hoje, apesar dos mais de 60 anos. O cineasta tinha um estilo único, crítico, intelectual e impertinente. Acumulou prêmios nas principais competições de cinema do mundo, como o Oscar, o Cesar, o Festival de Cinema de Cannes ou Berlim, mas não gostava de homenagens e até o fim da vida defendeu a sua concepção inovadora de fazer cinema.
"Sempre pensei, como explico nas "Histórias do Cinema", que o cinema é um instrumento de reflexão, para fazer pensar, que utiliza para isso o que todas as pessoas tem, isto é, olhos e ouvidos", dizia Godard.
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