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Relatório aponta que Agência da ONU para Refugiados Palestinos tem "problemas de neutralidade", mas é "indispensável"

Um relatório elaborado por uma comissão independente sobre a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos, divulgado nesta segunda-feira (22), aponta que há "problemas de neutralidade política" dentro da organização. O documento também indica que Israel, que acusa alguns dos membros da agência de ter ligação com "organizações terroristas", precisa fornecer provas de suas alegações.

Le siège endommagé de l'Office de secours et de travaux des Nations Unies pour les réfugiés de Palestine (Unrwa) dans la ville de Gaza, le 15 février 2024.
A sede da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), na Cidade de Gaza, em 15 de fevereiro de 2024. © AFP
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Apesar das acusações israelenses, a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, sigla em inglês) é "insubstituível e indispensável", sublinha o grupo independente presidido pela ex-ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna. O relatório foi realizado a pedido do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, após Israel acusar a UNRWA de contar com membros supostamente envolvidos no ataque de 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra na Faixa de Gaza. 

"A UNRWA continua sendo crucial na prestação de assistência humanitária vital e de serviços sociais essenciais, especialmente em matéria de saúde e educação, aos refugiados palestinos em Gaza, Jordânia, Líbano, Síria e na Cisjordânia", afirma o grupo no aguardado relatório. 

Segundo o documento de cerca de 50 páginas, a organização é "uma plataforma de salvação humanitária", essencial para o desenvolvimento humano e econômico dos palestinos. No entanto, "apesar deste sólido quadro, problemas relacionados à neutralidade persistem", reitera o relatório. 

O grupo independente aponta que, dentro da organização, "há casos de empregados que expressam publicamente suas opiniões políticas, livros escolares com conteúdo problemático utilizados em algumas escolas da UNRWA, além de sindicalistas politizados que ameaçam o funcionamento e as operações humanitárias".

"Mais de 400 terroristas"

A agência da ONU focada nos refugiados palestinos emprega mais de 30 mil pessoas no Oriente Médio e é acusada por Israel desde o início deste ano de contar com "mais de 400 terroristas" na Faixa de Gaza. Tel Aviv afirma que 12 funcionários da UNRWA têm implicação direta no ataque que deixou 1.160 mortos no território israelense em 7 de outubro de 2023.  

As alegações suscitaram a suspensão do financiamento da UNRWA por alguns países doadores. Nas últimas semanas, diante da situação catastrófica na Faixa de Gaza, algumas nações resolveram restabelecer o benefício.

"Com base em uma lista de março de 2024 contendo números de identidade de palestinos. Israel afirmou publicamente que um número significativo de funcionários da UNRWA são membros de organizações terroristas. No entanto, Israel ainda precisa apresentar provas", ressalta o relatório. 

Na semana passada, diante do Conselho de Segurança da ONU, o presidente da agência, Philippe Lazzarini, denunciou uma campanha "falsa" da parte de Israel para interromper as operações da organização na Faixa de Gaza. "O desmantelamento da UNRWA terá repercussões duráveis", preveniu lembrando a crise humanitária no território palestino. 

A fome ameaça principalmente o norte da Faixa de Gaza, onde mais de 34 mil pessoas, a maioria delas civis, foram mortas desde o início da ofensiva israelense, segundo dados do Ministério da Saúde, gerenciado pelo grupo Hamas.

(Com informações da AFP)

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