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Médicos que retornam de Gaza descrevem à ONU uma situação 'pior que a da Síria'

Quatro médicos ligados a instituições como Médicos Sem Fronteiras, Map e MedGlobal compareceram à ONU na terça-feira (19) para contar o que viram durante a sua curta estadia em Gaza. Eles descrevem uma situação pior do que a da Síria e uma total destruição do sistema de saúde local. Nesta quarta-feira (20), eles devem se reunir com membros do Conselho de Segurança Nacional, do Congresso e do Senado, em Washington.

Um médico voluntário atende pacientes no hospital Al-Aqsa em Deir al-Balah em 18 de março de 2024 (imagem ilustrativa).
Um médico voluntário atende pacientes no hospital Al-Aqsa em Deir al-Balah em 18 de março de 2024 (imagem ilustrativa). via REUTERS - World Health Organization (WHO)
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Carrie Nootencorrespondente da RFI em Nova York

Pela primeira vez uma delegação de médicos de ONGs dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França, que ajudaram nos atendimentos a feridos em Gaza, unem forças para sensibilizar diplomatas e tomadores de decisões internacionais. 

O doutor Taher Ahmal, da MedGlobal, carrega com ele um saco de papel entre Nova York e Washington; dentro dele uma fralda para bebê, um inalador e um frasco de analgésico. Estes são os tipos de produtos que são bloqueados na fronteira de Rafah há meses, sem que Israel lhes dê permissão para passar, denuncia.

Como resultado do bloqueio, centenas de milhares de palestinos colocam sacos plásticos no lugar das fraldas dos bebês, os asmáticos e os mais frágeis se sufocam nos bombardeios, as mulheres são operadas por cesariana sem anestesia. Essa é a provação diária de quem trabalha no que restou do sistema de saúde de Gaza.

Há também os drones, que entraram nos hospitais. Alguns de seus colegas foram atingidos. Uma menina de 5 anos foi abandonada no chão, sem que fosse possível aliviar seu sofrimento.

Os médicos descrevem lesões que nunca tinham visto e consequências psicológicas que permanecerão na população de Gaza durante as gerações futuras.

Aqueles que intervieram na Síria dizem que situação em Gaza é ainda pior. Por isso eles fizeram questão de contar o que viram aqueles que têm o poder de exigir um cessar-fogo, seja em Washington ou em Nova York.

Financiamento massivo

“Nosso plano é comunicar essa urgência. Só precisamos relatar como está a situação no terreno", disse ele. "Muitos membros de ONGs também estão falando sobre o que precisa ser feito: serão necessários financiamento massivo e mão de obra. Se o dia seguinte for parecido com o dia anterior, não teremos caminhado para uma situação melhor e as pessoas continuarão a sofrer, alerta Ahmal.

Antes da guerra, havia 6.000 leitos hospitalares na Faixa de Gaza. Atualmente restam apenas 295.

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