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Yulia Navalnaya será apenas a viúva de Navalny ou também herdeira da oposição a Putin?

Alguns jornais franceses repercutem nesta terça-feira (20) o posicionamento de Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny, o advogado e oposicionista russo que morreu na prisão na sexta-feira (16), aos 47 anos. A morte de Navalny é associada a interesses políticos de Vladimir Putin, que busca a reeleição pela quinta vez em março. O Le Parisien questiona se Yulia desempenhará o papel de viúva de Navalny ou se irá de fato herdar a oposição a Putin, como prometeu.

Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny, na Conferência de Segurança de Munique, Alemanha, na sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024, quando soube da morte de seu companheiro.
Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny, na Conferência de Segurança de Munique, Alemanha, na sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024, quando soube da morte de seu companheiro. AP - Kai Pfaffenbach
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O jornal Le Parisien destaca a fala de Yulia Navalnaya, na segunda-feira (19), que anunciou que "continuará" a luta de seu marido pela liberdade, em um vídeo divulgado no YouTube. Apenas três dias após a morte do marido, ela assume a liderança: "Em meu lugar, deveria haver outra pessoa. Mas essa outra pessoa foi morta por Putin", acusa ela. 

A edição mostra que a economista não é uma novata na cena midiática. Segundo a publicação, “sem Yulia, Alexei Navalny poderia não ter sido o homem que encarnou a luta contra Vladimir Putin por mais de uma década e pagou por isso com a própria vida”, descreve a reportagem do Parisien.  

O diário francês cita ainda nomes de mulheres de homens poderosos na política mundial, como Eva Perón, Imelda Marcos e Jackie Kennedy, além da esposa de Putin, Lyudmila Putina, acrescentando que a vida pessoal dos líderes tem sido historicamente escondida da opinião pública na Rússia.

O Parisien traz um breve perfil da viúva. Para o jornal, Yulia Navalnaya não estava predestinada a se tornar uma figura anti-Putin. Nascida em Moscou em 1976, ela cresceu com uma mãe que trabalhava para o Ministério da Energia da ex-União Soviética. Os pais se divorciaram quando ela tinha 5 anos e seu padrasto era funcionário da agência responsável pelo planejamento da atividade econômica. Formada em Economia, ela conheceu Alexei Navalny em 1998, durante férias na Turquia. Eles se casaram em 2000 e tiveram dois filhos: Darya, nascida em 2001, e Zakhar, nascido em 2008.

"Companheira de luta" de Alexei

O Le Figaro enfatiza que a viúva de Alexei Navalny, cujo corpo ainda não foi entregue à família, apesar de ter constantemente rejeitado um papel político para si mesma, “sempre foi uma companheira de luta” do advogado e ativista anticorrupção.  

O líder da oposição russa Alexei Navalny e sua esposa Yulia Navalnaya saem de um avião após chegarem ao aeroporto Sheremetyevo em Moscou, Rússia, em 17 de janeiro de 2021.
O líder da oposição russa Alexei Navalny e sua esposa Yulia Navalnaya saem de um avião após chegarem ao aeroporto Sheremetyevo em Moscou, Rússia, em 17 de janeiro de 2021. REUTERS - STAFF

O jornal relembrou que, na sexta-feira (16), apenas algumas horas após o anúncio da morte de Alexei, a viúva falou com lágrimas nos olhos na Conferência de Segurança de Munique, acusando Vladimir Putin de ser "pessoalmente responsável" por sua morte, que "não ficará impune". 

O Le Monde traz nesta terça-feira uma reportagem na qual sublinha que “a morte do político de oposição Alexei Navalny ofuscou a conferência anual de segurança em Munique”. Mesmo antes da morte ainda inexplicada do inimigo de Putin, o pano de fundo das discussões em Munique eram as dificuldades na linha de frente ucraniana contra os russos, a ponto de as forças ucranianas terem sido forçadas a abandonar a cidade de Avdiyevka para as tropas do Kremlin.  

"Atordoado mais uma vez, o Ocidente reagiu de forma dispersa, acusando Putin de ser responsável pelo desaparecimento de seu principal oponente, mas evitando discutir em detalhes as possíveis consequências dessa responsabilidade", critica o jornal francês. O Le Monde nota o "senso de urgência" manifestado pelos principais líderes europeus na conferência alemã, a respeito da necessidade de reforçar as capacidades de defesa do bloco diante de uma “ameaça russa real”, aponta o jornal. 

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