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Ucrânia tem novo batalhão batizado de "siberiano", composto por cidadãos russos

Na Ucrânia, há poucos meses, foi formado um novo batalhão dentro do Exército, com uma particularidade: é composto inteiramente por cidadãos russos, que se opõem ao regime de Moscou. A reportagem da RFI foi conhecer esse batalhão, batizado de “siberiano”.

Integrantes do batalhão "siberiano", durante sessão de treinamento perto de Kiev.
Integrantes do batalhão "siberiano", durante sessão de treinamento perto de Kiev. © Emmanuelle Chaze / RFI
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Emmanuelle Chaze, correspondente da RFI em Kiev.

Uma vez chegados à Ucrânia, os candidatos russos passam antes pela inteligência ucraniana e depois são enviados para treino.

A base militar onde treinam novos recrutas não é longe de Kiev. São cerca de 20 homens, todos da Rússia. Eles fazem parte do batalhão siberiano, a única formação onde os russos estão oficialmente integrados no Exército ucraniano, que, assim como o russo, tem dificuldades de recrutamento. 

“Em primeiro lugar, sim, todo o território ucraniano deve ser libertado! Então o regime russo deve deixar de existir”, diz Perun (um codinome que significa “relâmpago” em ucraniano), que é originário de Moscou. Esse engenheiro civil de 32 anos deixou a Rússia no início da invasão em grande escala em fevereiro de 2022.

Através de países terceiros, conseguiu chegar à Ucrânia, onde após vários meses de um processo de filtragem pelos serviços de inteligência, foi considerado apto para o serviço. Suas motivações são políticas, mas também pessoais.

“Já estive na Ucrânia em 2013 e desde então amei o país de todo o coração”, afirma Perun. “Na altura, a região de Donetsk ainda não estava ocupada e comecei um relacionamento com uma ucraniana, estamos juntos há 7 anos, então pode-se dizer que tenho uma relação muito calorosa com este país!", diz. 

Confiança

Se a presença de soldados russos no Exército é recebida com cautela pela população, Batya, seu comandante ucraniano, explica que tem total confiança em seus homens.

“Passo muito tempo com eles treinando e não posso deixar de confiar neles”, diz. “Vamos para a batalha juntos, eu não poderia lutar com eles se não fosse assim […]. Nossas vidas estão na linha de frente, somos irmãos de armas e como tal temos 100% de confiança uns nos outros", afirma.

O mais jovem desses soldados, Maliy, de 22 anos, vem de Bashkiria, entre os montes Urais e o rio Volga. Ele também diz que é totalmente solidário com os ucranianos.

“Toda guerra é terrível e, especialmente quando dois povos próximos começam a lutar, é uma carnificina. Imagine que um amigo, do nada, vem saquear o seu país durante vários anos, traz tropas e não só começa a ocupar o país, mas também mata civis, saqueia, estupra, tudo para criar o caos. Isto é o que penso desta guerra: ela deve acabar o mais rápido possível, de qualquer maneira!", insiste. 

Maliy testemunha com a esperança de que seu exemplo inspire outros russos a lutar ao lado dos ucranianos. No momento, cerca de uma centena de homens foram integrados no batalhão siberiano, mas, segundo Kiev, muitos outros candidatos que chegaram da Rússia aguardam autorização.

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