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Linha Direta

Apesar da oposição da Hungria, líderes da UE aprovam ajuda de € 50 bilhões à Ucrânia

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Líderes da União Europeia se reúnem em caráter extraordinário nesta quinta-feira (1º) em Bruxelas para aprovar um fundo especial para a Ucrânia, no valor de € 50 bilhões. A Hungria ameaçou vetar a ajuda financeira à Kiev, que  requer unanimidade do bloco, mas a medida acabou sendo aprovada.

O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, à esquerda, o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, ao centro, e o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, participam numa conferência de imprensa em Kamianytsia, na Ucrânia, na segunda-feira, 29 de janeiro de 2024.
O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, à esquerda, o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, ao centro, e o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, participam numa conferência de imprensa em Kamianytsia, na Ucrânia, na segunda-feira, 29 de janeiro de 2024. AP - Denes Erdos
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

A feroz oposição do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán em relação à Kiev parece não dar trégua. Além de ter tentado impedir as negociações para a adesão da Ucrânia ao bloco europeu, Orbán ameaçou vetar qualquer assistência financeira e militar ao país, mas, finalmente, cedeu. Em troca, a UE prometeu uma revisão anual dos fundos destinados à Hungria, como Orbán exigia, mas que, por hora, continuarão congelados.

"Isto garante um financiamento firme, previsível e de longo prazo para a Ucrânia. A UE está assumindo a liderança e responsabilidade no apoio à Ucrânia, sabemos o que está em jogo", escreveu  o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel na rede social X.

A ausência de um compromisso com a Hungria sobre o pacote de ajuda financeira de € 50 bilhões que seria enviado à Ucrânia em quatro anos gerou um clima de frustação em Bruxelas. Nas últimas semanas, Viktor Orbán, que é o aliado mais importante de Putin dentro do bloco europeu, tem enfrentado pressões crescentes de frentes diferentes.

Em Bruxelas, alternativas estavam sendo avaliadas em caso de veto. A União Europeia prometeu sabotar a economia húngara se Budapeste bloqueasse a nova ajuda à Ucrânia, informou o jornal britânico Financial Times. Bruxelas delineou uma estratégia para visar as fraquezas econômicas da Hungria e provocar um colapso na confiança dos investidores, prejudicando assim o crescimento do país, diz um documento elaborado por funcionários da UE.

Apoio militar à Ucrânia

Nesta quinta-feira, os dirigentes europeus devem reiterar a necessidade urgente de acelerar a entrega de munições e mísseis. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que vai participar da reunião por videoconferência, também reforçará o pedido por mais armamentos. Esta semana, cinco líderes europeus ressaltaram que a Europa precisa de um esforço coletivo para armar a Ucrânia a longo prazo e exigiram que a União Europeia seja mais realista nesta questão.

“Faltamos com o compromisso de enviar um milhão de armas antes do mês de março, mas os nossos esforços não devem enfraquecer enquanto as tropas de Kiev continuarem a rechaçar as tropas russas”, afirmaram em uma carta conjunta o chanceler alemão Olaf Scholz e quatro primeiros-ministros: Mette Frederiksen da Dinamarca, Petr Fiala da República Checa, Kaja Kallas da Estônia e Mark Rutte da Holanda. A Alemanha é o país europeu que mais contribuiu com os compromissos militares de Kiev; desde o início da guerra Berlim enviou € 17 bilhões.

O Reino Unido surge em segundo lugar com € 6,6 bilhões, seguido pela Polônia que contribuiu com € 3 bilhões. A França, que tem defendido a necessidade de reformar a defesa europeia para que a UE possa apoiar a Ucrânia mesmo sem os EUA, enviou até agora € 500 milhões em ajuda militar.

Discussão informal

O acordo de livre comércio UE-Mercosul não consta na agenda desta Cúpula extraordinária, prevista para discutir a revisão do orçamento do bloco europeu até 2027. Porém, nos últimos dias, no contexto dos protestos agrícolas na França o assunto voltou à tona e pode ser abordado informalmente na reunião.

Os agricultores temem o que chamam de “concorrência desleal” pois o acordo prevê a redução ou eliminação dos direitos aduaneiros, e com isso, muitos produtos sul-americanos chegariam no mercado europeu.

Os agricultores europeus, principalmente os franceses, estão sujeitos a normas mais rigorosas do que os produtores e criadores sul-americanos, especialmente em termos de proteção ambiental. Paris tentou convencer Bruxelas a suspender as negociações com o Mercosul.

A Comissão Europeia, no entanto, contrariou as recentes declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, e afirmou que busca consenso na questão agrícola para concluir as negociações. Embora as críticas de Macron justifiquem o impacto negativo que um futuro acordo com o Mercosul teria nos agricultores franceses, a Alemanha, Espanha e a própria presidente do executivo europeu, Ursula von der Leyen, têm se manifestado a favor da conclusão das negociações com o bloco sul-americano. 

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