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Mahsa Amini homenageada em cerimônia de Prêmio Sakharov; família foi proibida de sair do Irã

O Parlamento Europeu atribuiu na terça-feira (12) o Prêmio Sakharov de maneira póstuma à iraniana Mahsa Amini – cujo nome se tornou um “símbolo de liberdade”, segundo sua família, que não pôde comparecer à cerimônia por estar impedida por Teerã.

As ativistas pelos direitos das mulheres no Irã Afsoon Najafi (centro), Mersedeh Shahinkar (esquerda) e Saleh Nikbakht, advogado que representou a família de Mahsa Amini, posam durante a cerimônia de entraga do Prêmio Sakharov, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, em 12 de dezembro de 2023.
As ativistas pelos direitos das mulheres no Irã Afsoon Najafi (centro), Mersedeh Shahinkar (esquerda) e Saleh Nikbakht, advogado que representou a família de Mahsa Amini, posam durante a cerimônia de entraga do Prêmio Sakharov, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, em 12 de dezembro de 2023. AP - Jean-Francois Badias
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Maior distinção da União Europeia em matéria de direitos humanos, o prêmio foi atribuído à jovem curda iraniana, que morreu aos 22 anos em 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido presa por não cumprir o rigoroso código de vestuário imposto às mulheres em Irã.

A sua morte gerou protestos contra os líderes políticos e religiosos iranianos que duraram meses e Mahsa Amini se tornou o símbolo da luta contra a obrigação de usar o véu e pelos direitos das mulheres. A repressão a esse movimento causou centenas de mortes e milhares de prisões.

A família de Mahsa Amini tinha planejado assistir à entrega do Prêmio Sakharov, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (nordeste da França), mas não pôde, devido a uma proibição de deixar o território iraniano, decretada pouco antes da cerimônia.

“Gostaria de poder estar presente em sua honrosa cerimônia, representar todas as mulheres do meu país e expressar a minha gratidão pela atribuição do Prêmio Sakharov”, escreveu a mãe de Mahsa Amini, Mojgan Eftekhari, em uma mensagem lida por seu advogado, Saleh Nikbakht, que recebeu o prêmio em nome da família. “Infelizmente, esta oportunidade nos foi negada, em violação de todos os padrões legais e humanos”, acrescentou.

Falando de sua filha, Mojgan Eftekhari comparou-a a Joana D'Arc, sublinhando que “a sua vida foi tirada injustamente”.

“Acredito firmemente que o seu nome, juntamente com o de Joana D'Arc, continuará a ser um símbolo de liberdade”, disse.

Condenando a decisão do regime iraniano de impedir os familiares de Mahsa Amini de viajarem para a França, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse que a forma como foram tratados é um novo exemplo da repressão que o povo iraniano enfrenta na vida quotidiana.

 "A coragem e a resiliência das mulheres iranianas na sua luta pela justiça, pela liberdade e pelos direitos humanos não serão interrompidas. As suas vozes não podem ser silenciadas", insistiu Metsola.

"Cansada do regime"

Mais de uma centena de eurodeputados assinaram uma carta aberta para denunciar a decisão das autoridades iranianas, que aos seus olhos visa "reduzir ao silêncio" a família de Mahsa Amini "impedindo-os de denunciar a escandalosa repressão dos direitos das mulheres, direitos humanos e liberdades fundamentais pela República Islâmica do Irã".

A atribuição do Prêmio Sakharov ocorreu dois dias depois da atribuição do Prêmio Nobel da Paz à ativista Narges Mohammadi, que não pôde viajar a Oslo para recebê-lo porque está detida desde 2021 na prisão de Evin, em Teerã.

Terça-feira, no Parlamento de Estrasburgo, duas ativistas iranianas representaram o movimento “Mulher Vida Liberdade”, também recompensado com o Prêmio Sakharov.

Trata-se de Afsoon Najafi, cuja irmã Hadis foi morta aos 22 anos durante uma manifestação em homenagem a Mahsa Amini, em setembro de 2022, e Mersedeh Shahinkar, ferida no olho durante uma manifestação contra o regime iraniano em outubro de 2022.  Ambas deixaram o Irã em 2023.

“Estamos aqui em nome de todas as mulheres, estamos cansadas do regime iraniano”, declarou Mersedeh Shahinkar, que agora vive na Alemanha, em coletiva de imprensa.

Afsoon Najafi fez um apelo à comunidade internacional para exercer mais pressão sobre o regime iraniano.

O Parlamento Europeu adotou várias resoluções não vinculantes para condenar a repressão dos manifestantes pelo regime iraniano.

No ano passado, o Prêmio Sakharov recompensou o “corajoso povo ucraniano” que enfrentou a invasão russa.

(Com AFP)

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