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Amorim evoca ‘genocídio’ em Gaza ao discursar em conferência humanitária em Paris

O assessor especial da Presidência do Brasil para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, participa nesta quinta-feira (9) de uma conferência humanitária promovida pelo governo francês, em Paris. Ao discursar no evento nesta manhã, ele elevou o tom de Brasília sobre o conflito na Faixa da Gaza ao evocar a palavra “genocídio” para designar a reação de Israel contra o grupo extremista Hamas.

Assessor especial da Presidência do Brasil para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, chega ao palácio do Eliseu nesta quinta. (09/11/2023)
Assessor especial da Presidência do Brasil para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, chega ao palácio do Eliseu nesta quinta. (09/11/2023) © Captura de tela
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Amorim disse que os “atos bárbaros” e “terroristas” perpetrados pelo Hamas em Israel “não justificam o uso indiscriminado da força contra civis”. “A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à cabeça”, afirmou o assessor especial, que se reuniria com o presidente francês, Emmanuel Macron, anfitrião do evento no Palácio do Eliseu.

A conferência tenta desbloquear a ajuda humanitária a Gaza, quase impossível em meio aos incessantes bombardeios de Israel desde o ataque do Hamas de 7 de outubro. Tel Aviv não está representada no evento e a maioria dos países árabes não enviou representantes de alto escalão.

“Nas palavras do presidente Lula, ‘inocentes estão sendo obrigados a pagar o preço das loucuras da guerra’. Enquanto eu falo, continuamos ansiosos pela saída de brasileiros de Gaza”, indicou Amorim. Ele defendeu um cessar-fogo humanitário no enclave e o respeito a entradas seguras de trabalhadores humanitários na região.

Amorim também avaliou que a realização de uma ampla conferência internacional em busca de soluções para o conflito, “nos moldes da conferência de Anápolis, é indispensável”. Ele se referia ao encontro realizado na cidade americana em 2007 para debater a paz no Oriente Médio, do qual participaram cerca de 50 países.

Dois Estados 'é uma solução'

“Esta não é apenas uma guerra entre o Hamas e Israel. Isto faz parte de um conflito maior, que já dura 75 anos, cuja raiz é a ausência de uma pátria segura para o povo palestino. O reconhecimento de um Estado Palestino viável, vivendo lado a lado, com fronteiras seguras e mutuamente aceites com Israel, é a única solução possível”, defendeu o assessor especial da Lula. “Esta crise é provavelmente um dos desafios mais perigosos à paz e segurança internacionais, com maior potencial de propagação para um conflito global”, advertiu Amorim.

Nesta manhã, na abertura do encontro, o presidente da França pediu um 'cessar-fogo' e anunciou o aumento da ajuda de Paris aos palestinos, de €20 milhões para €100 milhões. Após reiterar o direito de defesa de Israel, mas respeitando o direito internacional, Macron afirmou que a proteção dos civis deve ser uma prioridade.

Presidente francês, Emmanuel Macron, fala na abertura de conferência humanitária internacional para ajudar os civis em Gaza, no palácio do Eliseu, em Paris. (9/11/2023)
Presidente francês, Emmanuel Macron, fala na abertura de conferência humanitária internacional para ajudar os civis em Gaza, no palácio do Eliseu, em Paris. (9/11/2023) via REUTERS - POOL

"Isso requer uma pausa humanitária muito rápida e temos que trabalhar para conseguir um cessar-fogo", disse o presidente francês.

Pressão por cessar-fogo

A França organizou a conferência na véspera do Fórum de Paris sobre a Paz para reunir os principais doadores e acelerar a ajuda – alimentos, energia ou equipamentos médicos – para a Faixa de Gaza, cenário de um êxodo de seus habitantes para o sul.

"Quantos palestinos têm que morrer para que a guerra termine?", questionou o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh, que relatou necessidades como atender os feridos e fornecer água, energia elétrica e medicamentos.

Os apelos por “pausas”, “tréguas” ou “cessar-fogo” aumentaram nas últimas semanas, para facilitar o acesso à ajuda e a libertação de mais de 240 reféns capturados pelo Hamas em solo israelense. No entanto, Benjamin Netanyahu descartou, novamente, na quarta-feira (8), qualquer cessar-fogo sem a libertação dos reféns.

A cúpula do governo francês avalia que “o Hamas provavelmente vai permanecer com os reféns enquanto a operação continuar nas condições atuais. Portanto, a pausa humanitária, parece-nos, também é importante para obter a libertação dos reféns”. No final da conferência, não haverá uma declaração conjunta para não “cairmos” num debate interminável “sobre uma palavra ou outra”, indica a mesma fonte próxima a Macron.

(Com informações da AFP)

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