Acessar o conteúdo principal

Ministro de Israel é sancionado após sugerir uso de bomba nuclear em Gaza

Um ministro ultranacionalista israelense foi sancionado neste domingo (5) pelo chefe do Governo Benjamin Netanyahu depois de afirmar que usar uma bomba nuclear contra a Faixa de Gaza na guerra contra o Hamas palestino seria “uma opção”. O ministro do Patrimônio israelense, Amichay Eliyahu, declarou em uma entrevista a uma rádio que não estava totalmente satisfeito com a escala da retaliação israelense no território palestino após o ataque mortal do Hamas em solo israelense em 7 de outubro.

Palestinos resgatam um corpo dos escombros após o bombardeio israelense no campo de refugiados Maghazi, na Faixa de Gaza, no domingo, 5 de novembro de 2023. (AP Photo/Hatem Moussa)
Palestinos resgatam um corpo dos escombros após o bombardeio israelense no campo de refugiados Maghazi, na Faixa de Gaza, no domingo, 5 de novembro de 2023. (AP Photo/Hatem Moussa) AP - Hatem Moussa
Publicidade

Ao jornalista que lhe perguntou se, em sua opinião, a solução para o problema seria lançar “uma espécie de bomba nuclear sobre toda a Faixa de Gaza, arrasá-la e matar a todos”, o ministro respondeu: “É uma opção”.

E quando o jornalista lhe apontou que “destruir toda a Faixa de Gaza” também envolveria um preço a ser pago por Israel, ele sugeriu que estava pronto a aceitar que as vidas de mais de 240 reféns ainda detidos pelo Hamas em Gaza fossem colocadas em perigo. "Em uma guerra, há um preço a pagar. Porque as vidas dos reféns (...) são mais importantes do que as dos nossos soldados?", ele questionou.

O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reagiu rapidamente, denunciando declarações “desconectadas da realidade” e acrescentando que o exército israelense se esforça para poupar os “não-combatentes” em Gaza. Netanyahu também suspendeu a participação do ministro nas reuniões do Governo “até novo aviso”.

Diante das reações causadas por suas declarações, o ministro publicou uma mensagem na rede social X afirmando que sua “declaração sobre as armas atômicas é metafórica”. “Mas precisamos absolutamente de uma resposta poderosa e desproporcional ao terrorismo”, acrescentou.

Ele também afirma em sua mensagem no X que Israel estaria comprometido “em fazer todo o possível para devolver os reféns sãos e salvos”.

Reações indignadas

As declarações provocaram uma reação indignada por parte das famílias dos reféns. O principal coletivo que as representa denunciou comentários “irresponsáveis ​​e cruéis”. “O direito internacional, a moralidade humana e o bom senso proíbem estritamente o uso de armas de destruição em massa”, escreveu o coletivo em um comunicado, sublinhando que “a principal prioridade das ações de Israel em Gaza” deve “ser a libertação dos reféns”.

Israel, que nunca confirmou nem negou a posse de armas atômicas, possui 90 ogivas nucleares, de acordo com as últimas estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.

Em suas declarações na rádio, Eliyahu também apelou ao regresso dos colonos israelenses à Faixa de Gaza, de onde foram deslocados em 2005 durante a retirada unilateral decidida pelo governo israelense de Ariel Sharon.

“Temos que lhes impor um preço territorial, o que significa regressar a Gush Katif [antigo bloco de colônias na Faixa de Gaza]. Temos que começar a desalojar [os palestinianos] da Faixa de Gaza e fazê-los emigrar para outro país”, declarou.

Em Gaza, um porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, afirmou em um comunicado que as declarações do ministro israelense refletiam "o terrorismo sem precedentes que este governo está levando a cabo contra o povo palestino". “Este governo constitui um perigo para a região e para o mundo”, ele acrescentou.

Cerca de 9,5 mil palestinos mortos

De acordo com o último relatório do Hamas, de sábado (4), 9.488 pessoas, sobretudo civis, foram mortas na Faixa de Gaza, na guerra desencadeada pelo ataque sangrento do movimento islâmico palestiniano em 7 de outubro em solo israelita.

As autoridades israelenses afirmam que pelo menos 1,4 mil pessoas morreram do lado de Israel, a maioria civis mortos no mesmo dia do ataque do Hamas, movimento classificado como terrorista por Israel, mas também pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.