Família de francês desaparecido em Israel apresenta queixa contra Hamas por crime contra a humanidade

A família de um francês residente em Israel apresentou quinta-feira (12) em Paris uma queixa contra o Hamas, acusando-o de rapto e pedindo que o movimento palestino seja processado por crimes contra a Humanidade, de acordo com seu advogado, Nathanaël Majster.

Objetos pessoas, incluindo brinquedos são vistos em uma estrada perto de um carro dias depois dos ataques do Hamas a Israel, nas proximidades da Faixa de Gaza e do kibutz Kfar Aza, no sul de Israel, em 10 de outubro de 2023. REUTERS - RONEN ZVULUN

A denúncia foi apresentada à Procuradoria Nacional Antiterrorismo francesa (Pnat), segundo o advogado. Esta é a primeira queixa feita na França, mas, de acordo com Nathanaël Majster ao site da FranceInter, "várias famílias estão se reunindo" e cogitam fazer o mesmo. 

No dia 7 de outubro, em pleno Shabat, o descanso judaico semanal, centenas de combatentes do Hamas infiltraram-se em Israel em veículos, por via aérea e marítima, e mataram mais de mil civis.

Nesse dia, Marc Perez, um francês de 51 anos nascido em Israel, “recebeu uma ligação” de sua filha de 20 anos, que participava da rave onde 270 pessoas foram assassinadas.

“Imediatamente, Marc Perez pegou seu carro e foi ao local do massacre para tentar salvar sua filha”, detalha a denúncia verificada pela AFP.

Enquanto a jovem conseguiu “fugir do local”, a família não tem mais notícias do pai e suspeita que ele foi sequestrado pelo Hamas. O corpo de Perez não foi encontrado nos hospitais israelenses.

“Não há evidências de que ele tenha sido ferido ou morto atualmente, tudo sugere que ele foi sequestrado”, explicou Majster. A família, contactada por investigadores israelenses, indicou que alguns de seus pertences foram encontrados: o carro, o celular e um sapato.

Os familiares esperam “da justiça francesa (…) que Marc Perez seja procurado e devolvido em segurança à sua família”. Também exige que o Hamas, as Brigadas al-Qassam (o braço militar do movimento) e qualquer pessoa "que as investigações revelem" ter participado, sejam processados ​​por crimes contra a humanidade.

Denúncia da ideologia 

A queixa denuncia o “modo de funcionamento dos massacres e sequestros de civis”, mas também “a ideologia que está na base destes massacres”, acusando o Hamas de “intenção genocida”.

“O carácter particularmente atroz da execução das vítimas parece também testemunhar uma vontade de atacar a própria essência das vítimas, por detrás da sua existência, para atacar através delas a essência de um grupo de pessoas, aquilo que as une: seu judaísmo", diz o texto.

Em Israel, mais de 1.200 pessoas foram mortas, a maioria delas civis, segundo o exército israelense. Cerca de 150 israelenses, estrangeiros e com dupla nacionalidade, foram feitos reféns pelo Hamas, segundo o governo israelense.

As represálias do governo de Israel mataram 1.200 pessoas, de acordo com o último relatório das autoridades de Gaza.

(Com AFP)