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Israel e Gaza estão novamente em guerra após ofensiva surpresa do Hamas

Israel e a Faixa de Gaza voltam a estar em guerra na manhã deste sábado (7), após o lançamento de uma ofensiva militar surpresa do Hamas, que disparou milhares de foguetes e infiltrou combatentes em território israelense. Pelo menos 22 pessoas foram mortas a tiros em Israel desde o início do conflito, informaram os serviços de emergência israelenses em um comunicado no início desta tarde.

Palestinos comemoram perto de um tanque israelense destruído próximo à Faixa de Gaza, a leste de Khan Younis, neste sábado, 7 de outubro de 2023.
Palestinos comemoram perto de um tanque israelense destruído próximo à Faixa de Gaza, a leste de Khan Younis, neste sábado, 7 de outubro de 2023. AP - Hassan Eslaiah
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“Estamos em guerra, não é uma simples operação ou um ciclo de violência, mas uma guerra”, declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma mensagem de vídeo, referindo-se a “um ataque surpresa” do Hamas. “Estamos em guerra e vamos vencê-la”, ele afirmou ao concluir seu discurso.

Moradores de vilarejos e cidades israelenses ao redor da Faixa de Gaza passaram a manhã ao ritmo de sirenes de alerta que também soaram até Tel Aviv e Jerusalém, e sob o ruído de numerosas explosões de interceptações de foguetes pela defesa antiaérea.

Esta guerra eclode no sábado que marca o último dia dos feriados judaicos de Sucot em Israel, quando muitos peregrinos e turistas visitaram o país durante as férias escolares. O conflito também ocorre 50 anos e um dia após o início da guerra árabe-israelense de 1973, que levou à morte de 2,6 mil israelenses e a pelo menos 9,5 mil mortos e desaparecidos do lado árabe, em três semanas de combates.

A União Europeia e outros países, como o Reino Unido, Turquia, Rússia e Ucrânia, “condenaram veementemente” os ataques perpetrados pelo Hamas e destacaram o direito de Israel de “se defender”.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, denunciou a tomada de civis como reféns, em violação do direito internacional e apelou à sua libertação. "As notícias de civis mantidos como reféns em casa ou em Gaza são terríveis. Vai contra o direito internacional. Os reféns devem ser libertados imediatamente", publicou ele na rede social X (ex-Twitter).

O Hamas divulgou um vídeo que mostra pelo menos três homens à paisana sendo detidos por homens armados, alegando que eram “inimigos” capturados durante a ofensiva contra Israel.

O Hezbollah pró-iraniano do Líbano, que tem um poderoso braço armado, felicitou o movimento islâmico Hamas pela sua "operação heroica em grande escala".

“Inundação de Al-Aqsa”

Em uma mensagem de áudio transmitida pela televisão do Hamas, o comandante do braço armado deste movimento anunciou que lançou a operação “Inundação de Al-Aqsa” contra Israel e disse ter disparado mais de “5 mil foguetes”.

“Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação [de Israel]”, afirmou Mohammad Deif, chefe das brigadas Ezzedine al-Qassam, na mensagem. O lançamento de foguetes começou antes das 6h30 (pelo horário local).

Os militares israelenses alegaram que o Hamas estava por trás de um “ataque planejado, incluindo lançamento de foguetes e infiltração terrorista no território israelense a partir da Faixa de Gaza”.

“As nossas forças estão agora lutando em campo” e a mobilização de milhares de reservistas foi aprovada, declarou o tenente-coronel Richard Hecht, porta-voz do exército israelense. Procurados pela imprensa israelense, os moradores de áreas próximas à Faixa de Gaza exigem maior proteção do exército.

“Por favor, envie ajuda”

O jornal israelense Times of Israel transmite o testemunho de uma mulher grávida que vive no Kibutz Soufa (a poucos quilômetros da Faixa de Gaza): “Por favor, envie ajuda”. A emissão informa que a fonte está falando de um abrigo seguro onde está com sua família, incluindo uma criança: “Eles estão atirando em nossa casa, estão tentando arrombar a porta da sala de segurança”.

Um jornalista da AFP narra que pelo menos dois feridos, incluindo um soldado israelense, foram retirados de Sderot, uma das comunidades israelenses mais próximas ao norte da Faixa de Gaza, e que unidades especiais estariam agindo no local. Desde o início da manhã, centenas de moradores do leste de Gaza fogem de suas casas para se afastarem da fronteira com Israel, de acordo com um correspondente.

Uma mulher de cerca de 60 anos foi morta, assim como o presidente de um conselho regional, do lado israelense, no nordeste da Faixa de Gaza. Outras 15 pessoas ficaram feridas no sul de Israel, anunciou o Magen David Adom, o equivalente israelense da Cruz Vermelha.

Carros pegaram fogo depois de serem atingidos por foguetes vindos da Faixa de Gaza em Ashkelon, Israel, neste sábado, 7 de outubro de 2023.
Carros pegaram fogo depois de serem atingidos por foguetes vindos da Faixa de Gaza em Ashkelon, Israel, neste sábado, 7 de outubro de 2023. AP - Ohad Zwigenberg

O movimento islâmico palestino Hamas lançou “uma guerra contra o Estado de Israel”, declarou o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, após anunciar a chamada dos reservistas.

“O Hamas cometeu um erro grave esta manhã ao lançar uma guerra contra o Estado de Israel”, os soldados israelenses “estão combatendo o inimigo em toda a parte”, acrescentou Gallant em um comunicado. A operação israelense foi batizada de “Sabres de Aço”, informou o exército.

Jihad Islâmica

Um foguete caiu na cidade de Yavne, ao sul de Tel Aviv, onde um homem ficou levemente ferido por estilhaços, de acordo com o Magen David Adom. Por volta das 11h locais, o exército anunciou que iria realizar seus primeiros ataques aéreos em Gaza em retaliação ao lançamento de foguetes.

“Dezenas de caças estão atacando alvos da organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza neste momento”, garantiu o exército em comunicado. Jornalistas da AFP em Gaza viram fumaça em diversos locais visados.

Em maio, Israel lançou uma ofensiva contra a Jihad Islâmica Palestina na Faixa de Gaza, desencadeando uma guerra de cinco dias entre o exército israelense, a Jihad Islâmica e outros grupos armados no território, que custou a vida de 34 palestinos e de um israelita.

Mais de mil foguetes foram disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel na época, a maioria deles interceptados pelo sistema de defesa aérea israelense. Israel, por sua vez, aumentou os ataques aéreos no pequeno território.

O Hamas, que assumiu o poder em Gaza em 2007, se manteve afastado deste conflito. Israel impôs um bloqueio estrito à Faixa de Gaza desde que o Hamas assumiu o controle.

(Com informações da AFP)

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