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Imprensa francesa analisa pressões internas para ampliação do Brics

A 15ª Cúpula do Brics, até dia 24, em Joanesburgo, é analisada sob vários ângulos pela imprensa francesa. O jornal Libération mostra que diante da perspectiva de ampliação do bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o governo brasileiro é contra este projeto defendido por Pequim e Moscou pelo receio de ter sua influência diluída dentro do grupo e, por consequência, no cenário internacional.

Faixas da próxima cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) penduradas em um poste do lado de fora do Centro de Convenções Sandton em Joanesburgo, África do Sul, sábado, 19 de agosto de 2023.
Faixas da próxima cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) penduradas em um poste do lado de fora do Centro de Convenções Sandton em Joanesburgo, África do Sul, sábado, 19 de agosto de 2023. AP - Denis Farrell
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O embaixador Rubens Barbosa, entrevistado pelo Libération, contextualiza essa posição antiga do Brasil, embora o presidente Lula declare estar aberto a discussões. Barbosa pontua que, ao longo dos anos, os países do Brics têm obtido avanços na cooperação econômica, citando, por exemplo, a reforma do sistema de cotas de governança do Fundo Monetário Internacional, modificado em 2015 para dar mais representatividade aos países em desenvolvimento.

A cooperação política, por outro lado, está se mostrando mais complexa. "Os Brics são países muito diferentes, por isso é difícil chegar a uma política externa comum", diz Rubens Barbosa nas páginas do Libération. O exemplo mais recente é o da guerra na Ucrânia. O Brasil foi o único dos cinco a condenar a invasão russa na ONU, embora, assim como seus parceiros, não tenha apoiado as sanções ocidentais. Essa posição reflete a tradição diplomática de não alinhamento da diplomacia brasileira, que poderia sofrer com a ampliação, caso países mais próximos da Rússia e da China ingressassem no grupo, explica o jornal francês. 

Ana Garcia, do Brics Police Center, também entrevistada pelo Libération, aponta que o interesse de Pequim e Moscou em ampliar o Brics é reduzir ao máximo a necessidade de negociar com os países ocidentais, o que não interessa para Brasil e Índia. 

Interesse em integrar os Brics

Ao menos 22 países formalizaram o interesse em ingressar no Brics, entre eles a Argélia, ex-colônia francesa no norte da África. "Mas, ao anunciar que finalmente é o ministro das Finanças – e não o próprio presidente – que representará o país na cúpula, a agência de imprensa oficial disse quase tudo", observa o jornal Le Figaro. Por enquanto, a Argélia, rica em reservas de gás natural, deve aderir apenas ao Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, por meio de uma contribuição financeira.

A revista L'Express destaca que a ausência de Vladimir Putin na cúpula, motivada pela possibilidade de ele ser preso por crime de guerra se fosse à África do Sul, revela que o presidente russo é o único responsável pelo isolamento que ele mesmo criou. 

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