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Paquistão: defensores de diretos humanos são detidos; país é palco de protestos nos últimos dias

Uma proeminente ativista de direitos humanos e um ex-parlamentar foram presos no domingo (20) após se manifestarem em protesto contra os desaparecimentos forçados no Paquistão. A advogada Imaan Mazari-Hazir e o político Ali Wazir compareceram ao primeiro protesto em meses organizado pelo Movimento Pashtun Tahafuz (PTM), que luta pelos direitos da etnia pashtun.

Paquistaneses protestam depois que mais de 80 casas cristãs e 19 igrejas terem sido vandalizadas, em Jaranwala, na província de Punjab, em 16 de agosto, depois que as alegações de que o Alcorão havia sido profanado se espalharam pela cidade.
Paquistaneses protestam depois que mais de 80 casas cristãs e 19 igrejas terem sido vandalizadas, em Jaranwala, na província de Punjab, em 16 de agosto, depois que as alegações de que o Alcorão havia sido profanado se espalharam pela cidade. AFP - AAMIR QURESHI
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A dupla compareceu a um tribunal na capital Islamabad no domingo e foi detida sob custódia em um caso registrado sob a lei antiterrorismo, disse à AFP o advogado Zainab Janjua. A polícia de Islamabad disse que eles enfrentam "acusações graves" em um documento judicial.

O PTM foi lançado para lutar contra o que diz serem excessos militares cometidos durante operações antiterroristas na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do país, onde vive a maioria dos pashtuns.

Os militares negaram as acusações

Na sexta-feira (18), cerca de três mil pessoas compareceram ao protesto em Islamabad, onde Mazari-Hazir e Wazir fizeram discursos condenando o assédio contra os pashtuns e pedindo a devolução dos desaparecidos.

"Vocês estão sendo parados como se fossem os terroristas, enquanto o Talibã (paquistanês) voltou a tomar suas casas", disse Mazari-Hazir à multidão em um vídeo postado nas redes sociais.

Um porta-voz do PTM disse à imprensa que dezenas de outros membros também foram detidos desde o protesto realizado na capital Islamabad.

"É inaceitável e aponta para um padrão maior e mais preocupante de violência sancionada pelo Estado contra pessoas que exercem seu direito à liberdade de expressão e reunião", disse a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão em comunicado.

Repressão à dissidência

Shireen Mazari, ministra de direitos humanos do país no governo do ex-primeiro-ministro Imran Khan, disse que sua filha foi levada de sua casa em Islamabad por mulheres à paisana que não apresentaram mandados.

"Minha filha estava com suas roupas de dormir e disse 'deixe-me trocar', mas eles apenas a levaram embora", ela postou no X, anteriormente Twitter.

Enquanto ela era levada ao tribunal por oficiais, Imaan Mazari-Hazir exibiu um sinal de paz, ainda vestindo seu pijama preto e cinza com chinelos brancos.

O ex-parlamentar Wazir é um membro fundador do PTM que há muito tempo critica abertamente os militares e suas operações antiterroristas nas antigas áreas tribais que fazem fronteira com o Afeganistão.

Ele fazia parte do governo cessante, representando o PTM, que se dissolveu no início deste mês e já foi preso várias vezes.

O Paquistão há muito tempo luta contra a militância nas áreas de fronteira perto do Afeganistão, com ataques aumentando desde que o Talibã afegão tomou o poder em Cabul em 2021.

Ataques religiosos

Na semana passada, muitas pessoas foram às ruas depois que pelo menos quatro igrejas foram incendiadas e um cemitério vandalizado a quarta-feira (16) em Faisalabad, no leste paquitanês por centenas de homens muçulmanos. Os atos de vandalismo religioso aconteceram após uma família cristã ter sido acusada de suposta blasfêmia.

Já na sexta-feira (18), 87 casas cristãs e 19 igrejas foram vandalizadas numa cidade no Punjab, no Paquistão, também em tumultos por acusações de blasfêmia.

A questão da blasfêmia é particularmente delicada no Paquistão, onde mesmo alegações não comprovadas de ofensa ao Islã podem resultar em assassinatos e linchamentos.

A Comissão Independente de Direitos Humanos no Paquistão apontou repetidamente que as leis de blasfêmia estão sendo usadas como armas para atingir minorias religiosas e resolver vinganças pessoais.

Ataque a bomba

Um ataque a bomba contra um ônibus que transportava trabalhadores no noroeste do Paquistão, na fronteira com o Afeganistão, matou pelo menos onze pessoas, anunciaram as autoridades locais no domingo.

Os trabalhadores, que estavam construindo um novo posto militar para o exército paquistanês, foram mortos no sábado por uma bomba instalada em seu veículo, disse o alto funcionário do Waziristão do Norte, Rehman Gul Khattak, em um comunicado.

(Com AFP)

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