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Cientistas querem 'alertar sem causar pânico' sobre derretimento acelerado na Antártica

Enquanto eventos climáticos extremos - como incêndios, ondas de calor, enchentes - são observados em diversas partes do mundo, o derretimento acelerado das geleiras na Antártica faz soar mais um alerta na já complexa questão ambiental. Neste contexto, especialistas em clima criticam mensagens alarmistas, que desinformam a sociedade e não motivam ações concretas, apesar do agravamento real das mudanças climáticas.

Pinguins são vistos em um iceberg enquanto cientistas investigam o impacto da mudança climática nas colônias de pinguins da Antártica, no lado norte da Península Antártica, Antártica, em 15 de janeiro de 2022.
Pinguins são vistos em um iceberg enquanto cientistas investigam o impacto da mudança climática nas colônias de pinguins da Antártica, no lado norte da Península Antártica, Antártica, em 15 de janeiro de 2022. REUTERS - NATALIE THOMAS
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A partir desta segunda-feira (14), cientistas de todo o planeta se reúnem na Austrália para discutir a rápida e talvez irreversível diminuição destas superfícies de gelo. Um fenômeno que pode desencadear um ciclo devastador, acelerando o aquecimento global e o aumento do nível dos mares.

"A Antártica derrete de maneira alarmante" ressalta o título na capa do Libération desta segunda-feira. A edição afirma que, desde o início das medições, nunca esta superfície de gelo esteve tão pequena como em 2023. A cúpula de quatro dias na cidade australiana de Hobart pretende alertar para os riscos que este processo no continente branco representa para o destino da humanidade.

Ainda no mês de maio deste ano, a ONU já havia lançado um importante sinal de alerta, quando por unanimidade os países membros da Organização Meteorológica Mundial decidiram classificar como "prioritário" o estudo das mutações da chamada criosfera.

Uma enorme ameaça

A redução acelerada deste sistema é considerada a informação mais revelante de 2023 para os pesquisadores: apesar do inverno do hemisfério sul, o bloco que se forma pelo congelamento de água salgada do mar tem uma considerável dificuldade em se reconstituir.

Em julho, esta superfície somava 13,49 milhões de km², cerca de 15% a menos de área que a média calculada durante o período de referência para este único mês.

Esta é a menor superfície desde o início das medições feitas por satélite em 1979, de acordo com o Centro Nacional Americano de Dados Sobre a Neve e o Gelo (NSICD, na sigla em inglês).

Uma enorme ameaça para o ecossistema, advertem os especialistas, começando por causar uma disfunção da cadeia alimentar, que afeta a princípio as pequenas espécies até chegar no homem.

Outra consequência devastadora é o desequilíbrio das águas profundas e frias da Antártica, o que interfere diretamente na circulação dos oceanos em todo o mundo, e, por consequência, nos fenômenos meteorológicos.

Contra o alarmismo

Na esteira dos anúncios catastróficos, o jornal Le Parisien se pergunta "Como alertar sobre o clima sem causar pânico?". Os cientistas pedem que não se exagere uma situação já suficientemente grave, e convidam as pessoas a se concentrarem nas soluções.

A ameaça da desaparição das bancadas de gelo da Antártica até 2030 e suas terríveis consequências, o risco da corrente oceânica Gulf Stream entrar em colapso em 2025 e lançar o planeta Terra no inteiro no caos, temperaturas da atmosfera e dos oceanos em níveis recordes. A lista extensa pode soar como o anúncio do fim do mundo para muitos, mergulhando a sociedade em uma sensação de desespero.

Mas essa estratégia de "esperar pelo pior" não é apoiada por unanimidade por especialistas. Eles afirmam que mensagens alarmistas não contribuem em nada para sensibilizar o público, e ainda menos para influenciar as políticas públicas a favor do clima.

Eles alegam que o modelo de "comunicação catastrófica", ao contrário de mobilizar as pessoas, gera a inércia causada pelo medo. E insistem: ao invés de uma comunicação que leva ao pânico, é preciso sugerir medidas concretas, estimulando a ecoansiedade em níveis saudáveis, incentivando as pessoas a agirem.

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