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Com Brasil e China na mesa de discussões, Arábia Saudita se posiciona como mediadora da guerra na Ucrânia

A Arábia Saudita recebe a partir deste sábado (5) uma reunião internacional em busca de uma solução para o conflito ucraniano. Cerca de 30 países, entre eles o Brasil, participam do encontro, que acontece em Riade. A Rússia não faz parte da lista.

O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman se vê com um possível mediador no conflito ucraniano.
O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman se vê com um possível mediador no conflito ucraniano. AP
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A reunião, prevista para durar dois dias, teve início na tarde deste sábado em Jeddah, às margens do Mar Vermelho. Segundo as autoridades sauditas, o encontro conta com a presença de “conselheiros de seguranças de países irmãos” para discutir “a crise ucraniana”. A lista detalhada dos participantes não foi divulgada, mas Riade havia indicado que gostaria de receber representantes do Brasil, Índia, China e África do Sul, quatro dos cinco membros do Brics.  

As autoridades brasileiras confirmaram durante a semana o convite de Riade e a participação do enviado especial para assuntos internacionais, Celso Amorim. Segundo as últimas informações, o diplomata participa do evento por videoconferência, enquanto outro diplomata da Assessoria Especial do Presidente da República, Ibrahim Abdul Hak Neto, está na Arábia Saudita para acompanhar as discussões presencialmente.

Criticada pelos países ocidentais por sua recusa em condenar a Rússia, a China enviou a Jeddah o seu enviado para a Ucrânia, Li Hui. Pequim disse estar determinada a "continuar a desempenhar um papel construtivo para uma solução política da crise ucraniana". Índia e África do Sul também confirmaram sua participação.

“Discussões não serão fáceis”

Na sexta-feira (4), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou o que qualificou de uma reunião "muito importante" na Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo bruto. Mesmo assim, a Ucrânia, juntamente com os Estados Unidos, criticou Riade por não ter se afastado da Rússia no âmbito comercial, participando, junto com Moscou, de uma política destinada a aumentar os preços do petróleo nos mercados mundiais.

A Arábia Saudita apoiou resoluções do Conselho de Segurança da ONU denunciando a invasão russa, bem como a anexação de território declarada por Moscou no leste da Ucrânia. O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, que se vê como um possível mediador no conflito, também havia feito esforços diplomáticos em relação à guerra russo-ucraniana, principalmente ao convidar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para a cúpula da Liga Árabe em Jeddah, em 19 de maio deste ano. O presidente ucraniano aproveitou a ocasião para acusar alguns líderes da região de fechar os olhos à invasão russa.

"Ao receber esta cúpula, a Arábia Saudita quer reforçar sua ambição de virar uma potência intermediária, capaz de mediar conflitos", disse à AFP Joost Hiltermann, diretor para o Oriente Médio da ONG International Crisis Group. Riade "quer se ver ao lado da Índia ou do Brasil, porque somente como um grupo estas potências intermediárias podem aspirar ter um impacto", acrescentou.

"Antecipo que a conversa não será fácil, mas a verdade está do nosso lado", disse na sexta-feira Andrii Yermak, chefe de gabinete da presidência da Ucrânia. "Temos muitas divergências e escutamos muitas posições, mas é importante que possamos compartilhar nossos princípios", disse Yermak. "Nossa tarefa é unir todos ao redor da Ucrânia", acrescentou.

(Com AFP)

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