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Aquecimento recorde de mares e oceanos agrava crise climática no verão do hemisfério norte

Quando as ondas de calor, recordes de temperatura, secas e incêndios já afligem muitos países do hemisfério norte durante este verão, o aquecimento de mares e oceanos se soma a esta extensa e preocupante lista de problemas climáticos. Ao todo, 44% da superfície oceânica mundial, sem considerar os polos, sofrem atualmente uma onda de calor marinha, um recorde desde o início deste acompanhamento, em 1991. A informação é da Administração Americana de Estudos Oceânicos e Atmosféricos.

Ao todo, 44% da superfície oceânica mundial, sem considerar os polos, sofrem atualmente uma onda de calor marinha, um recorde desde o início deste acompanhamento, em 1991.
Ao todo, 44% da superfície oceânica mundial, sem considerar os polos, sofrem atualmente uma onda de calor marinha, um recorde desde o início deste acompanhamento, em 1991. © Reuters - Lucas Jackson
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A edição do Le Figaro desta sexta-feira (21) alerta sobre como esta tendência ultrapassa fortemente a antecipada pelos cientistas.

Certas regiões sofrem ondas de calor impressionantes: +5°C nos litorais do Equador e do Peru, +3°C no largo da península ibérica e até +4°C no Mediterrâneo. Identificado desde o mês de abril, o fenômeno surpreende os cientistas, que se dizem perplexos e preocupados.

Entrevistado pelo diário francês, Thibauld Guilado, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas da França, explica que esta anomalia diz respeito a milhões de metros quadrados, o que exige quantidades astronômicas de energia para aquecer um volume tão expressivo de água, ainda que se tratasse de um aumento de apenas 1°C de temperatura.

Ameaça a ecossistemas

Já a oceanógrafa do Laboratório francês de Meteorologia Dinâmica, Sabrina Speich, alerta que a amplitude desta curva não foi prevista pelos modelos climáticos, e que muitas equipes de pesquisadores tentam entender porque o sistema parece acelerado este ano.

O fenômeno acontece em uma tendência conhecida do aquecimento dos oceanos, que absorvem 90% do excedente de calor atmosférico.

A situação é especialmente preocupante no Mediterrâneo Oriental, onde as temperaturas já muito altas (+3°C) podem ser agravadas pelo pico de calor atualmente em curso.

Com 24,7°C registados no lardo de Marselha contra uma média de 21,3°C, as águas francesas "sofrem uma sequência de anos cada vez mais quentes, o que coloca os ecossistemas em um estado de forte estresse, sem possibilidade de recuperação", alerta Joachim Garrabou, pesquisador do Instituto de Ciências Marinhas da Espanha.

Ele afirma que a água ultrapassa sua temperatura habitual em até 30 metros de profundidade.

Crise anunciada

Ainda que as altas temperaturas possam, muitas vezes, surpreender as expectativas dos cientistas, as ondas de calor eram esperadas para este verão no hemisfério norte, o que motiva avaliações negativas aos planos não-satisfatórios dos governos para as situações de crise.

Em uma reportagem, o Libération faz uma dura crítica à gestão dos incêndios que atingem uma grande região próxima a Atenas, na Grécia. Na quinta-feira (20), as autoridades determinaram a retirada dos moradores da cidade de Mandra, a cerca de 30 km da capital, ameaçada pelo fogo, quando os habitantes já sofriam com um calor sufocante há 4 dias.

Com dificuldades para respirar, os olhos ardendo e sob uma temperatura de 42°C, os moradores declaram estarem começando a se habituar com os incêndios cada vez mais frequentes durante os verões.

Como os bombeiros estão sobrecarregados com o controle do fogo, é a polícia que presta socorro direto à população desta cidade de 13 mil habitantes.

Depois de solicitar uma "vigilância absoluta" perante as ondas de calor na região, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, afirma que o pior já passou, mas os picos de temperatura devem continuar no fim de semana, chegando a 44°C. Ao todo, a sudeste de Atenas, uma área de 3,5 mil hectares foi devastada pelo fogo.

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