Acessar o conteúdo principal

Erdogan assume terceiro mandato com promessa de defender 'soberania incondicional' da Turquia

O líder turco Recep Tayyip Erdogan tomou posse de seu terceiro mandato presidencial neste sábado (3), em Ancara. O chefe de Estado de 69 anos, que foi reeleito em 28 de maio com 52% dos votos, prestou juramento perante os 600 deputados do novo Parlamento, de maioria ultraconservadora, e prometeu "desempenhar suas funções com imparcialidade" nos próximos cinco anos. 

O presidente Recep Tayyp Erdogan (centro) recebe o diploma do terceiro mandato das mãos do aliado Devlet Bahceli (0 esquerda), político de extrema direita, novo presidente do Parlamento turco.
O presidente Recep Tayyp Erdogan (centro) recebe o diploma do terceiro mandato das mãos do aliado Devlet Bahceli (0 esquerda), político de extrema direita, novo presidente do Parlamento turco. AFP - ADEM ALTAN
Publicidade

O juramento protocolar de Erdogan omite a forma autocrática como o líder turco governa o país há 20 anos, guiado pela doutrina do partido conservador islâmico AKP, a repressão a opositores e à minoria curda. O novo Parlamento turco, empossado nesta sexta-feira (2), é dominado por partidos da direita ultranacionalista, religiosa e conservadora.

"Como presidente, juro proteger a existência e a independência do Estado, a integridade da pátria, a soberania incondicional da nação, o Estado de Direito (e) o princípio de uma república laica, conforme concebido por Atatürk", declarou Erdogan. Personalidade de referência do período moderno, Mustafa Kemal Atatürk é chamado de "o pai dos turcos" ao ser o primeiro presidente do país depois de fundar a República da Turquia, em 1923. 

As festividades de posse, em Ancara, ocorrem em um dia de forte chuva na capital turca. Além do discurso no Parlamento, o ritual de cerimônias inclui uma passagem de Erdogan pelo mausoléu de Atatürk, antes das celebrações programadas no palácio presidencial e de um grande jantar no final do dia. Após o encerramento das solenidades, Erdogan irá anunciar a composição de seu novo governo.

Otan quer negociar fim do veto turco à Suécia

A cerimônia de posse conta com a presença de cerca de 20 chefes de Estado e do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg. A Turquia é um dos 31 Estados-membros da aliança militar liderada pelos Estados Unidos e mantém o veto à adesão da Suécia, alegando que o país oferece refúgio a ativistas de oposição que Ancara considera "terroristas".

Stoltenberg deve tentar mais uma vez levantar o veto turco à entrada da Suécia na Aliança Atlântica, que está bloqueada há 13 meses, se possível antes de uma cúpula da Otan em Vilnius, em julho.

"Uma mensagem clara para nossos amigos suecos! Respeitem seus compromissos (...) e tomem medidas concretas na luta contra o terrorismo. O resto virá depois", tuitou o atual ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, na noite de quinta-feira (1°).

Apesar de alterações feitas na Constituição e de uma nova lei antiterrorismo, Ancara ainda critica a Suécia por abrigar refugiados curdos, que ela descreve como "terroristas". Estocolmo autorizou uma manifestação no domingo com o slogan "Não à Otan, não às leis de Erdogan na Suécia", organizada especialmente por associações que apoiam grupos armados curdos na Síria.

Novos ministros

Há forte expectativa em relação à lista de ministros que será anunciada após as festividades, à noite, e que deve dar uma ideia da direção que o chefe de Estado turco tomará para dar uma guinada na economia em crise. Para essa árdua tarefa, o nome de um especialista reconhecido, Mehmet Simsek, vem circulando com insistência há vários dias.

Ex-ministro das Finanças (2009-2015) e depois vice-primeiro-ministro responsável pela Economia (até 2018), Simsek, 56 anos, ex-economista do banco americano Merrill Lynch, teria a tarefa de restabelecer um pouco de ortodoxia para restaurar a confiança dos investidores. 

A luta contra a inflação galopante será uma das prioridades do futuro ministro. Em abril, a inflação oficial permaneceu em mais de 40% no acumulado de 12 meses, depois de ultrapassar 85% no fim do ano passado, resultado de uma queda constante nas taxas de juros buscada por Erdogan. O país ainda não se recuperou do terremoto de magnitude 7,8, ocorrido em 6 de fevereiro, que deixou ao menos 50.000 mortos e devastou áreas inteiras da região sudeste. De acordo com a ONU, o custo total do desastre é de mais de US$ 100 bilhões.

Erdogan venceu o segundo turno da eleição presidencial no domingo passado, com 52,1% dos votos, derrotando seu opositor, Kemal Kiliçdaroglu (CHP), que obteve 47,9% dos votos.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.