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Dia Mundial de Combate à Malária: OMS faz apelo por mais esforços contra doença que castiga a África

"Investir, inovar, implementar" é o tema escolhido este ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para este 25 de abril, Dia Mundial de Luta contra a Malária. A doença castiga principalmente países africanos, onde matou cerca de 600 mil pessoas em 2021. Uma gama de novas soluções se apresentam para tentar contornar a resistência do parasita e seu vetor, o mosquito, a medicamentos e inseticidas. 

Lançamento da vacina antimalária no Quênia, em 13 de setembro de 2019.
Lançamento da vacina antimalária no Quênia, em 13 de setembro de 2019. AFP - BRIAN ONGORO
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Em todo o mundo, a malária causou a morte de 619 mil pessoas em 2021, segundo a OMS. De acordo com o último relatório da entidade, divulgado em 2022, com dados do ano anterior, a doença contaminou 247 milhões de indivíduos, um número em leve alta em relação a 2020 (245 milhões)

No total, US$ 7,3 bilhões seriam necessários para controlar o paludismo, como também é conhecida a malária. No entanto, atualmente, o valor investido é de US$ 3,5 bilhões. Por isso, a OMS, que tem a meta de reduzir os casos em 90% até 2030, recomenda que as populações mais vulneráveis sejam priorizadas. 

Mais de metade da população mundial vive zonas de risco e pode contrair a doença. Formas graves podem ser desenvolvidas principalmente por bebês e crianças de menos de 5 anos, mulheres grávidas e pessoas com HIV. 

A maioria dos casos (95%) e das mortes (96%) ocorrem na África, um continente que continua "aguentando uma imensa e desproporcional parte da carga mundial do paludismo", aponta a OMS. Mais da metade dos óbitos se concentram na Nigéria (31,3%), República Democrática do Congo (12,6%), Tanzânia (4,1%) e Níger (3,9%); 80% das mortes dizem respeito a crianças de menos de 5 anos (80%). 

Mosquito resistente a inseticidas

A malária é causada por um protozoário minúsculo da espécie Plasmodium, transmitido por picadas de mosquitos infectados. A doença provoca febre, dores de cabeça e calafrios e, em caso de ausência de tratamento, torna-se grave. 

Na África, 29 países constataram que o mosquito que carrega o parasita se tornou resistente aos inseticidas à base de piretróides. Por isso, mosquiteiros utilizados na região passaram a contar com outras substâncias, o piriproxifeno ou o clorfenapir. Pesquisadores do Imperial College de Londres constataram uma diminuição da doença em cinco países onde o equipamento da marca G2 foi testada: Camarões, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Tanzânia e Togo. 

O principal inconveniente desses mosquiteiros é que eles custam caro. Por isso, a OMS e a organização Unitaid trabalham junto a companhias farmacêuticas para tentar diminuir os custos de produção à medida que o mercado se desenvolve. Ainda importados à África, esses produtos poderiam ser fabricados localmente.

Medicamento preventivo

Do lado dos tratamentos, um novo método mais simples está sendo utilizado em crianças de menos de 5 anos em países africanos onde o parasita ataca em determinadas épocas do ano. Chamado de CPS, o medicamento é administrado a cada três dias durante quatro meses, antes do início da estação das chuvas. 

"Esse método trouxe resultados muito bons no Senegal e no Burkina Faso, com uma diminuição da malária em algumas comunidades", explica Corine Karema, diretora-geral interina do grupo Roll Back Malaria, uma plataforma mundial de combate à doença. 

Distribuído em larga escala desde 2020, essa profilaxia foi adotada em 2021 em 13 países africanos, entre eles, Benin, Níger e Togo. 

Novas vacinas 

Resultado de 30 anos de pesquisa, duas vacinas antipaludismo para crianças de menos de cinco anos foram atualizadas. A RTS,S, desenvolvida pelo grupo GSK, o primeiro imunizante antimalária da história, deve ser administrado em quatro doses no primeiro ano, seguida por um reforço anual. 

Uma outra vacina promissora, a R21 Matrix-M, concebida pela Novavax, tem como objetivo induzir uma produção maior de anticorpos contra o parasita. Em fase de estudo, essa vacina ainda não foi aprovada pela OMS, mas Gana e Nigéria decidiram não esperar o sinal verde para começar a usá-la. "Foi testada no Burkina Faso e a eficácia é de 75% depois de 12 meses de uso em crianças", garante a empresa.

Novas pesquisas também se concentram na modificação genética do mosquito, um trabalho que está na segunda fase de testes. Depois de terem trabalhado com a produção de machos estéreis, os pesquisadores agora privilegiam a pista do "macho enviesado", para uma descendência de mosquitos machos de 95%. O objetivo é limitar a reprodução do inseto vetor da malária, levando em consideração que é a fêmea que pica os humanos. 

No entanto, esse estudo ainda levará alguns anos para ser concluído, de acordo com Lea Pare Toe, do Instituto de Pesquisa em Ciências da Saúde de Burkina Faso. Segundo ela, essa técnica poderá ser útil também para lutar contra um outro vetor que apareceu em diversas grandes cidades da África, o mosquito asiático (anopheles stephensi). Já presente em oito países do oeste do continente, o inseto é um novo desafio no combate à malária, em um contexto de urbanização galopante na região. 

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