Polônia e Hungria instauram nova crise dos cereais ucranianos; UE julga situação 'inaceitável'
A decisão da Polônia e da Hungria de proibir as importações de cereais ucranianos, acusados de desestabilizarem os mercados agrícolas, "não é aceitável", decidiu nesta segunda-feira (17) a Comissão Europeia. A União Europeia revelou "considerar" um segundo pacote de ajuda aos agricultores dos países afetados pela suspensão de impostos para importações da Ucrânia.
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A União Europeia suspendeu em maio de 2022, por um ano, as tarifas aduaneiras sobre todos os produtos importados da Ucrânia e se organizou para permitir a exportação de seus estoques de cereais após o encerramento das rotas marítimas no Mar Negro, desde a invasão do país pela Rússia.
Os Estados europeus vizinhos viram um aumento na chegada de milho, trigo e sementes de girassol da Ucrânia, causando a saturação dos celeiros devido a problemas logísticos e à queda dos preços locais - levando a protestos de agricultores e à renúncia do ministro da Agricultura polonês.
A Comissão Europeia declarou ter "solicitado informações adicionais às autoridades competentes para poder avaliar estas medidas", principalmente sobre sua base legal. "É importante frisar que a política comercial é de competência exclusiva da UE, e que ações unilaterais não são admissíveis", insistiu a porta-voz do executivo europeu, Miriam Garcia Ferrer.
Aumento de 88%
Na Polônia, a proibição se aplica à importação de cereais, açúcar, carnes, frutas e legumes, leite, ovos e outros produtos alimentares. Para a Hungria, são cereais, oleaginosas e diversos outros produtos.
Em 2022, o valor das importações europeias de produtos agrícolas ucranianos aumentou 88% (para € 13 bilhões), impulsionadas sobretudo pelos cereais, que tiveram suas importações aumentadas em dez vezes (em volume) de trigo ucraniano, de acordo com dados da UE.
O Ministério da Política Agrícola da Ucrânia "lamentou" a decisão de Varsóvia no sábado. "Os agricultores poloneses estão enfrentando uma situação difícil, mas os agricultores ucranianos estão enfrentando a situação mais grave", comparou ele.
Em 20 de março, Bruxelas ofereceu € 56,3 milhões da reserva de crise agrícola da UE para apoiar agricultores desestabilizados na Polônia, Romênia e Bulgária. Mas no final de março, cinco países (Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária) solicitaram ajuda adicional “para apoiar os produtores agrícolas que sofreram perdas”.
"Estamos ponderando sobre um segundo pacote [de ajuda], está em discussão", assegurou Miriam Garcia Ferrer, afirmando que Bruxelas "estava considerando o impacto (...) nos países da linha da frente".
(Com informações AFP)
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