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Irã “perdoa” 22 mil manifestantes detidos, mas se mostra inflexível quanto a presos estrangeiros

O chefe do sistema Judiciário do Irã, Gholamhossein Mohseni Ejei, anunciou nesta segunda-feira (13) que 22 mil pessoas presas durante protestos contra o regime em Teerã foram perdoadas, de acordo a agência de notícias iraniana Irna.

Um cartaz pede a libertação de Benjamin Brière durante uma manifestação em apoio aos detidos franceses no Irã, em Paris, em 28 de janeiro de 2023.
Um cartaz pede a libertação de Benjamin Brière durante uma manifestação em apoio aos detidos franceses no Irã, em Paris, em 28 de janeiro de 2023. © Stéphane de Sakutin / AFP
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O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, aprovou o perdão de "dezenas de milhares" de presos, incluindo muitos que foram detidos durante os recentes protestos antigovernamentais. "Até agora, 82 mil detidos receberam indulto, incluindo 22 mil que participaram de protestos", precisou Mohseni Ejei.

Mas ele não especificou, no entanto, os períodos dos indultos ou informou se os detidos em questão foram formalmente acusados ​​e quando foram acusados.

O Irã tem sido palco de grandes protestos antigovernamentais desde a morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, em 16 de setembro, após sua prisão em Teerã pela polícia moral, que a acusou de violar as rígidas regras do código de vestimenta, que exigem que as mulheres usem um véu em público para cobrir a cabeça.

Intervencionismo francês

A posição de Teerã quanto a presos estrangeiros, no entanto, parece continuar inflexível. Uma autoridade declarou também nesta segunda-feira que a atitude "não-construtiva" da França em relação ao Irã, e seu "intervencionismo" não facilitam as discussões sobre a possível libertação de detidos franceses no país.

"Espero que vejamos avanços positivos neste caso", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanani, durante sua entrevista coletiva semanal. “É claro que as posições e ações dos países podem desempenhar um papel positivo” para isso. Mas “o governo francês adotou uma atitude não construtiva e demonstrou intervencionismo na situação recente da República Islâmica", acrescentou.

"Naturalmente, a continuação de tais ações não ajudará na resolução da questão dos prisioneiros", concluiu Kanani.

A França é um dos países que mais veementemente denunciou a repressão contra a onda de protestos que abalou o Irã após a morte de Mahsa Amini.

Atentado contra a segurança nacional

Oficialmente, seis franceses estão detidos no Irã: a professora e sindicalista Cécile Kohler e seu companheiro, Jacques Paris, o franco-irlandês Bernard Phelan, Louis Arnaud e Benjamin Brière, além de outro cidadão cuja identidade não foi divulgada.

A pesquisadora franco-iraniana Fariba Adelkhah, presa em junho de 2019 e depois condenada a cinco anos de prisão por atentar contra a segurança nacional, foi libertada em 10 de fevereiro.

O Irã anunciou no domingo (12) que tudo estava "pronto" para realizar uma troca de prisioneiros com os Estados Unidos, mas Washington qualificou esta declaração como "outra mentira cruel".

Kanani afirmou que "as negociações com os Estados Unidos continuam por meio de mediadores", visto que os dois países não mantêm relações diplomáticas. Ele acrescentou que um “acordo escrito foi assinado em março de 2022” para uma troca de prisioneiros a ser organizada sem “estar ligada” às negociações para o levantamento das sanções do projeto nuclear iraniano.

(Com informações da Reuters e da AFP)

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