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Inclusão de Guarda Revolucionária do Irã na lista de terroristas por Parlamento Europeu deve aumentar tensões entre UE e Teerã

O Irã alertou os europeus nesta quinta-feira (19) contra a integração da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, à lista de organizações terroristas, como pedido pelo Parlamento Europeu. A inclusão deve aumentar tensões entre a União Europeia (UE) e o Irã. 

Membros do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) participam de um exercício militar das forças terrestres do IRGC na área de Aras, província do Azerbaijão Oriental, Irã, 17 de outubro de 2022.
Membros do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) participam de um exercício militar das forças terrestres do IRGC na área de Aras, província do Azerbaijão Oriental, Irã, 17 de outubro de 2022. via REUTERS - WANA NEWS AGENCY
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Teerã alertou que tal decisão teria "consequências negativas", enquanto os assuntos de atrito com a União Europeia aumentam há vários meses no contexto do movimento de protesto no país e da guerra na Ucrânia.

Esta tensão pode atingir um novo nível se a UE concordar com as demandas da maioria dos eurodeputados que pedem para qualificar o Corpo da Guarda Revolucionária (IRGC) como uma "organização terrorista", como os Estados Unidos fizeram, em 2019.

A decisão, de implementação complexa, cabe ao Conselho Europeu, o único com poderes para aplicar sanções. Alguns Estados-membros declararam-se a favor, enquanto outros são mais cautelosos. 

Um quarto pacote de sanções contra o Irã estará no cardápio da próxima reunião de chanceleres, em 23 de janeiro.

A posição dos eurodeputados é "inadequada" e baseada em uma "abordagem emocional", denunciou o ministro iraniano das Relações Estrangeiras, Hossein Amir Abdollahian, durante uma conversa telefônica com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Para ele, a UE daria um "tiro no próprio pé" ao colocar na lista negra o IRGC, considerado por especialistas como a força militar e de segurança mais poderosa do Irã.

“O IRGC é uma instituição oficial e soberana que desempenha um papel vital na garantia da segurança nacional do Irã e da região, especialmente na luta contra o terrorismo”, explicou o ministro.

Colocá-lo na lista de organizações terroristas "afetaria a segurança, a tranquilidade e a paz", acrescentou o Estado Maior do Exército iraniano, afirmando que, sem o empenho dos Guardiões, “os governos europeus estariam sob o controle do Daesh”, o grupo do Estado Islâmico ativo em particular na Síria e no Iraque.

Funções da Guarda Revolucionária

Criados em 1979 após a vitória da revolução contra o poder do Xá, os Guardiões ("Sepah-é Pasdaran" em persa) possuem forças terrestres, navais e aéreas com efetivos estimados em mais de 120 mil homens.

Entre as funções atribuídas aos Guardiões estão a segurança do Golfo e do Estreito de Ormuz, por onde passam muitos petroleiros, e a gestão de programas de desenvolvimento balístico.

A resolução adotada pelo Parlamento Europeu enfatiza explicitamente que as forças Quds – que operam fora das fronteiras – e a milícia Basij, ambas afiliadas ao IRGC, devem ser colocadas na lista.

O texto pede a proibição de “qualquer atividade econômica ou financeira” com as muitas empresas controladas direta ou indiretamente pelos Guardiões.

Na emenda aprovada na quarta-feira (18), os eurodeputados culpam o IRGC pela “repressão dos manifestantes” mobilizados contra o poder desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, mas também pelo “fornecimento de drones à Rússia” no quadro da guerra na Ucrânia.

Libertação de cidadãos europeus

Os países europeus também estão mobilizados para obter a libertação de seus cidadãos, incluindo vários com dupla nacionalidade, detidos no Irã.

A França disse na terça-feira (17) que estava "extremamente preocupada" com o estado de saúde de Bernard Phelan, um franco-irlandês de 64 anos, que iniciou uma greve de fome e sede.

Os 27 Estados-membros da UE denunciaram veementemente a execução, em 14 de janeiro, do iraniano-britânico Alireza Akbari, ex-funcionário do ministério da Defesa iraniano condenado à morte por espionagem para os serviços de inteligência britânicos.

Estas tensões vêm reforçar as dificuldades das negociações sobre o nuclear iraniano, que continuam em um impasse, ainda que Borrell tenha afirmado a Abdollahian sua vontade de continuar os "esforços" para chegar a um acordo, segundo o ministério de Relações Exteriores.

(Com informações da AFP)

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