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Festas do Ano-Novo chinês podem levar onda de contaminações por Covid para o interior do país

A China se prepara para viver o primeiro recesso em três anos sem restrições para controlar a epidemia de Covid-19. As celebrações do Ano-Novo chinês, comemorado no próximo domingo (22), trazem o temor de que a onda de contaminações em massa, atualmente em curso nas metrópoles, avance rumo ao interior do país.

Passageiros se encaminham para estação de trem em Pequim, a uma semana do Ano-Novo chinês. (14/01/2023)
Passageiros se encaminham para estação de trem em Pequim, a uma semana do Ano-Novo chinês. (14/01/2023) AP - Mark Schiefelbein
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Neste sábado (14), pela primeira vez, Pequim reconheceu um número expressivo de mortes pela doença: desde o fim das restrições, no início de dezembro, ao menos 60 mil pessoas morreram, disseram as autoridades chinesas.

Neste contexto, muitos chineses moradores de grandes cidades hesitam em visitar os familiares do interior neste feriadão que se aproxima, para não correr o risco de transformar a tradicional cor vermelha dos festejos no branco do luto, relata o correspondente da RFI na capital, Stéphane Lagarde. O aumento do fluxo interno de viagens já começou – nesta época, estudantes e trabalhadores migrantes costumam voltar para casa para reencontrar os parentes, durante alguns dias.

As autoridades sanitárias temem que a alta da circulação impulsione ainda mais a onda de contágios, que lota hospitais com pacientes idosos e os crematórios nas metrópoles. Na semana passada, um alerta claro foi dado à população: “não voltem para casa”.

Após três anos impondo algumas das restrições mais draconianas do mundo, a China suspendeu abruptamente a maioria delas no início de dezembro, após protestos crescentes contra a intensidade das medidas, em várias cidades do país.

Troca de metodologia

Neste sábado, a Organização Mundial da Saúde (OMS), que critica a falta de transparência de Pequim sobre a epidemia, parabenizou a China pela divulgação da informação de que 60 mil óbitos foram registrados em um mês.

Em dezembro, porém, o país anunciou que revisou a metodologia de contagem de mortes por Covid-19 e apenas pessoas que morreram diretamente de insuficiência respiratória relacionada ao coronavírus passariam a ser incluídas nas estatísticas. A mudança significa que um grande número de falecimentos não é mais registrado como causado pela Covid-19.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, solicitou neste sábado "uma seleção cronológica mais detalhada dos dados por província", em conversa telefônica com Ma Xiaowei, diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, segundo um comunicado da entidade.

Primeiro balanço 

No sábado, as autoridades de saúde divulgaram sua primeira avaliação da pandemia desde a suspensão das restrições. O número inclui 5.503 mortes causadas por insuficiência respiratória diretamente resultante do vírus e 54.435 mortes provocadas por doenças subjacentes combinadas com a Covid. O saldo, porém, que não inclui os óbitos registrados fora dos hospitais, está provavelmente subnotificado.

Na conversa telefônica, Tedros pediu que "este tipo de dado detalhado continue a ser compartilhado" com a OMS e com a sociedade. A OMS expressou várias dúvidas sobre os dados epidemiológicos de Pequim, solicitando informações mais rápidas, regulares e confiáveis sobre o número de hospitalizações, mortes e um sequenciamento mais completo do vírus em tempo real.

O governo chinês rejeitou as críticas e pediu à OMS que assuma uma postura "imparcial" em relação à Covid-19. Na quarta-feira (11), as autoridades de saúde chinesas disseram que "não era necessário" focar no número exato de mortes relacionadas ao vírus.

"A principal tarefa durante a pandemia é tratar os pacientes", disse o epidemiologista Liang Wannian, chefe da Comissão Nacional de Saúde. Ele também argumentou que não havia consenso internacional sobre como classificar uma morte relacionada à Covid.

Se "não for possível chegar a um consenso, cada país classificará de acordo com sua própria situação", afirmou Liang.

A China poderia determinar os números de falecimentos examinando o excesso de mortalidade para o período, sugeriu Wang Guiqiang, chefe do departamento de doenças infecciosas do Hospital nº 1 da Universidade de Pequim. No momento da coletiva de imprensa da última quarta-feira, apenas 37 mortes relacionadas à Covid haviam sido contabilizadas desde o mês passado na China, que tem uma população de 1,4 bilhão de habitantes.

Com informações da AFP

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