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China reforça aparato policial contra protestos e acelera vacinação de idosos

As cidades de Pequim e Xangai permaneceram nesta terça-feira (29) sob forte vigilância policial para impedir novas aglomerações, após as manifestações do fim de semana contra as restrições ligadas à Covid-19. Na tentativa de acalmar os protestos, as universidades decidiram permitir que os estudantes voltassem para casa. As autoridades também anunciaram que vão acelerar a vacinação de idosos.

População realiza PCR em uma área residencial sob bloqueio devido às restrições do coronavírus Covid-19 em Pequim, em 29 de novembro de 2022.
População realiza PCR em uma área residencial sob bloqueio devido às restrições do coronavírus Covid-19 em Pequim, em 29 de novembro de 2022. AFP - NOEL CELIS
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Com RFI e agências

Os estudantes de universidades em Pequim puderam se dirigir em horários escalonados na manhã desta terça-feira em direção a estações e aeroportos da capital chinesa.

“Esta manhã, eles nos disseram que tínhamos uma hora para sair antes do lockdown da universidade”, contou um estudante de Língua Estrangeira à RFI.

“Fizemos testes de Covid por quatro dias consecutivos e agora eles nos deixaram sair. Estou muito feliz por poder ir para casa. Este ano fiquei apenas três meses na faculdade e não sei se vou conseguir voltar no próximo semestre, então levei todas as minhas coisas”, relata um aluno da Universidade de Jiaotong.

Vacinação

A China anunciou também que vai acelerar a vacinação contra a Covid entre as pessoas com mais de 60 anos, depois que o país registrou um recorde de casos diários nos últimos dias.

A Comissão Nacional da Saúde (NHC) prometeu em um comunicado "acelerar o aumento da taxa de vacinação das pessoas com mais de 80 anos e continuar aumentando a taxa de vacinação de pessoas de 60 a 79 anos".

As reduzidas taxas de vacinação na China, em particular entre os idosos, são consideradas há muito tempo a razão pela qual o governo prolonga a política de "Covid Zero", que impõe confinamentos imediatos, ordens de quarentena e limites à liberdade de deslocamento para conter qualquer surto de coronavírus.

Apenas 65,8% das pessoas com mais de 80 anos estão com o esquema de vacinação completo, informou o NHC. A China ainda não aprovou o uso das vacinas de RNA mensageiro (mRNA).

A China registrou 38.421 novos casos de Covid nesta terça-feira, número pouco menor que os recordes registrados no fim de semana.

Catalisador

Um incêndio mortal na semana passada em Urumqi, capital da região de Xinjiang, no noroeste da China, foi o catalisador para a onda de indignação, com manifestantes tomando as ruas de cidades em todo o país.

Os manifestantes disseram que as restrições da Covid foram as responsáveis por dificultar as operações de resgate - alegações que o governo negou ao acusar "forças com segundas intenções" de vincular as mortes no incêndio aos rígidos controles da epidemia.

Os protestos contra as restrições sanitárias evoluíram para pedidos de mudança política, com manifestantes segurando folhas de papel em branco para simbolizar a censura à qual o país mais populoso do mundo está sujeito.

Mais manifestações foram planejados para a noite de segunda-feir (28)a, mas não se concretizaram, com jornalistas da AFP em Pequim e Xangai notando uma forte presença policial de centenas de veículos e policiais nas ruas.

Pessoas que participaram de comícios no fim de semana disseram à AFP na segunda-feira que receberam telefonemas de policiais exigindo informações sobre seus movimentos.

Pedidos pela renúncia de Xi

Em Xangai, perto de um local onde os protestos de fim de semana foram marcados por pedidos ousados ​​pela renúncia do presidente Xi Jinping, funcionários de um bar disseram à AFP que receberam ordens de fechar às 22h (14h GMT) para "controle de doenças". Pequenos grupos de policiais foram posicionados nas saídas do metrô nas proximidades do local da manifestação.

Ao longo da segunda-feira, jornalistas da AFP presenciaram a detenção de quatro pessoas e a liberaçéao de uma delas. Um repórter contabilizou 12 carros da polícia em um raio de 100 metros ao longo da rua Wulumuqi, em Xangai, ponto principal da manifestação de domingo (27).

Apesar do opressivo destacamento policial, a frustração com a "Covid Zero" era palpável. "As políticas (Covid Zero) agora são muito rígidas. Eles matam mais pessoas do que a doença", disse à AFP um rapaz de 17 anos que não quis ser identificado, dizendo que foi parado pela polícia ao passar pela área.

Em Hangzhou, pouco mais de 170 quilômetros a sudoeste de Xangai, houve segurança rigorosa e protestos esporádicos no centro da cidade, com uma participante dizendo à AFP que 10 pessoas foram detidas. "O clima era de desordem. Havia poucas pessoas e estávamos separados. Havia muitos policiais, era um caos", disse ela.  

Protestos internacionais

Na semiautônoma Hong Kong, onde protestos pela democracia em massa eclodiram em 2019, dezenas de pessoas se reuniram na Universidade Chinesa para lamentar as vítimas do incêndio de Urumqi. "Não desvie o olhar. Não se esqueça", gritaram os manifestantes.

Em todo o mundo, protestos de solidariedade também cresceram rapidamente. “As autoridades tomam emprestado o pretexto da Covid e usam lockdowns excessivamente rígidos para controlar a população da China”, disse à AFP um participante chinês de 21 anos em um protesto em Washington que deu apenas seu sobrenome, Chen. "Eles desconsideraram vidas humanas e fizeram muitos morrerem em vão", disse ele.

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