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Enquanto Coreia do Sul e EUA retomam manobras militares, Japão quer mobilizar mísseis de longo alcance

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul deram início nesta segunda-feira (22) a seus mais importantes exercícios militares conjuntos desde 2018, diante da ameaça nuclear da Coreia do Norte. Ao mesmo tempo, o Japão estaria planejando posicionar mísseis de longo alcance que poderiam atingir a China, em defesa de Taiwan. 

Protesto contra os exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos em Seul, nesta segunda-feira (22).
Protesto contra os exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos em Seul, nesta segunda-feira (22). AFP - JUNG YEON-JE
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Com informações do correspondente da RFI em Tóquio, Frédéric Charles

As manobras chamadas de "Ulchi Freedom Shield" marcam a retomada de treinamentos de grande envergadura entre forças americanas e sul-coreanas, depois da diminuição dos exercícios conjuntos devido à pandemia de Covid-19. Os exercícios são vistos também como um fracasso diplomático em relação à Pyongyang.

"A importância desta manobra conjunta é de refundar a aliança entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos e consolidar a estrutura de defesa comum, tornando comum exercícios conjuntos e treinamentos locais", afimou o Ministério da Defesa da Coreia do Sul em nota.

Até o momento, nenhum detalhe sobre as manobras, que devem se estender até 1° de setembro foi divulgado. Normalmente, esses exercícios mobilizam a aviação, navios de guerra, tanques militares e dezenas de milhares de soldados.

Parte da população sul-coreana está preocupada com o aumento da tensão com o vizinho do norte. Uma manifestação contra os treinamentos conjuntos foi realizada nesta segunda-feira em Seul, em frente ao Memorial da Guerra das Coreias.

Aliados históricos

Washington é um aliado histórico de Seul no plano da segurança. Cerca de 28.500 soldados americanos estão posicionados na Coreia do Sul para a proteger de seu vizinho do Norte, dotado de armas nucleares. 

Para os Estados Unidos e a Coreia do Sul, as manobras militares em comum são apresentadas como defensivas. No entanto, Pyongyang as considera como uma espécie de ensaio para uma invasão. 

Em uma reunião realizada na semana passada, os dois aliados chegaram a um acordo para aumentar a dimensão dos exercícios e treinamentos, diante do aumento de testes de mísseis pela Coreia do Norte. No entanto, para especialistas na questão, Pyongyang pode utilizar essas manobras como pretexto para testar ainda mais seu arsenal. 

No início deste mês, o regime norte-coreano ameaçou atacar a Coreia do Sul, que considera responsável por uma recente onda de Covid-19 em seu território. A ameaça ocorreu depois que o líder Kim Jong-Un declarou que seu país estava pronto para utilizar sua força de dissuasão nuclear em caso de confronto com Washington e Seul. 

Pyongyang realizou seis testes de mísseis desde o início deste ano - entre eles um balístico intercontinental de longa distância - apesar das sanções dos países ocidentais. Segundo os Estados Unidos e a Coreia do Sul, o regime norte-coreano se prepara para a realização de um sétimo execício, que deve ser realizado em breve. 

Japão em defesa de Taiwan

A tensão também subiu entre o Japão e a China. Tóquio estaria considerando mobilizar mais de mil mísseis de longo alcance diante das crescentes ameaças de Pequim contra Taiwan. A revelação foi feita pelo jornal Yomiuri Shimbun no domingo (21). 

Segundo o diário, o governo japonês quer posicionar esses armamentos no sul do país, em Kyushu, e em pequenas ilhas localizadas a cerca de 100 quilômetros de Taiwan. Isso permitiria ao país atingir o litoral da China e da Coreia do Norte. 

Em entrevista à TV japonesa, o ex-ministro da Defesa Itsunori Onodera declarou que o país precisa mostrar às nações que ameaçam a segurança na Ásia que o Japão conta com armas poderosas para o ataque. Segundo ele, essa estratégia também é necessária em tempos de guerra na Europa, caso a Ucrânia precise de seus aliados, indicou. 

As autoridades japonesas não reagiram até o momento às declarações de Itsunori ou às revelações do jornal Yomiuri Shimbun. As forças militares do Japão não são oficialmente permitidas na Constituição do pós-guerra. Segundo a atual carta magna do país, seus gastos neste setor devem ser limitados às capacidades defensivas.

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