Questão da “neutralidade” da Ucrânia está sendo profundamente estudada, diz Zelensky
A questão da "neutralidade" da Ucrânia, um dos pontos centrais das negociações com a Rússia para acabar com o conflito, está sendo "estudada em profundidade", assegurou neste domingo (27) o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em entrevista.
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Uma das cláusulas das negociações diz respeito a "garantias de segurança e neutralidade, o status não-nuclear de nosso Estado", uma exigência de Moscou, declarou o chefe de estado em entrevista online transmitida pelo canal Telegram da administração presidencial ucraniana.
"Estamos prontos para aceitá-la", continuou ele. "Este ponto das negociações (...) está em discussão, é estudado a fundo", assegurou. "Mas não quero que seja mais um papel do estilo memorando de Budapeste", acrescentou o presidente, referindo-se aos acordos assinados pela Rússia em 1994 garantindo a integridade e a segurança de três ex-repúblicas soviéticas, incluindo a Ucrânia, em troca da renúncia de armas nucleares herdadas da URSS.
O acordo entre os dois beligerantes terá de ser “obrigatoriamente ratificado pelos parlamentos dos países garantidores”, sublinhou Zelensky, reiterando que será submetido a referendo. "Acho que podemos acabar com a guerra rapidamente, e é [o presidente russo Vladimir] Putin e sua comitiva que estão arrastando as coisas", disse ele.
"Temos que chegar a um acordo com o presidente da Federação Russa. Mas para chegar a um acordo, ele precisa sair de onde está e vir me encontrar", acrescentou Zelensky.
As delegações russa e ucraniana se reunirão no início desta semana na Turquia para uma nova rodada de negociações presenciais, anunciaram neste domingo um dos negociadores ucranianos, David Arakhamia, e o negociador-chefe russo, Vladimir Medinsky. A presidência turca indicou que estas negociações terão lugar em Istambul.
Censura
Zelensky deu essas declarações durante uma entrevista por videoconferência que durou mais de uma hora e meia, com jornalistas do canal de televisão da oposição Dojd, do site independente Meduza - cujos sites foram bloqueados na Rússia - e do diário Kommersant.
Na Rússia, o Roskomnadzor, serviço responsável pela censura das mídias e telecomunicações, informou à imprensa local para não publicar esta entrevista, indicando que uma investigação foi aberta contra aqueles que participaram da entrevista.
(Com informações da AFP)
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