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Putin poderia usar armas químicas e biológicas na Ucrânia, diz Biden

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou que a Rússia utilizou mísseis hipersônicos na Ucrânia e não exclui a possibilidade de Vladimir Putin utilizar armas químicas e biológicas, como já foi feito na Síria. "O objetivo das armas químicas é aterrorizar", disse Miguel Angel Sierra, professor de química orgânica na Universidade Complutense de Madri e ex-membro do conselho consultivo da Organização para a Proibição de Armas Químicas, à RFI

A Síria é um dos lugares onde armas químicas foram utilizadas. Um soldado sírio passa por cartazes mostrando Vladimir Putin e Bashar al-Assad, em Guta Oriental (Damasco). 28 de fevereiro de 2018.
A Síria é um dos lugares onde armas químicas foram utilizadas. Um soldado sírio passa por cartazes mostrando Vladimir Putin e Bashar al-Assad, em Guta Oriental (Damasco). 28 de fevereiro de 2018. REUTERS/Omar Sanadiki
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"Ele está contra a parede, não tem saída", disse Joe Biden sobre o presidente russo, acrescentando que é "claro" que a Moscou está considerando o uso de armas químicas e biológicas na Ucrânia. Se Putin decidir fazer isso, a Rússia enfrentará uma resposta "severa" do Ocidente, advertiu, sem dar mais detalhes, o chefe de Estado da primeira potência militar do planeta.

O plano da Rússia para uma vitória relâmpago sobre as forças ucranianas falhou, e muitos analistas acreditam que Putin está intensificando sua ofensiva. Para alguns especialistas, é até mesmo um aceleramento inédito do conflito. Prova disso é o fato de que os militares russos recorreram no último fim de semana ao uso de mísseis hipersônicos na Ucrânia ocidental, uma novidade mundial em um conflito armado.

Aterrorizar a população

O uso dessas armas é uma forma de aterrorizar a população, mas também de mostrar aos ocidentais a determinação da Rússia. O possível uso de armas químicas e biológicas faria parte desta lógica.

De fato, estas armas já foram utilizadas pelos russos em solo europeu, como relata Miguel Angel Sierra, ex-membro do conselho consultivo da Organização para a Proibição de Armas Químicas e professor de química orgânica na Universidade Complutense de Madri, em entrevista à RFI.

"Em princípio, a Rússia destruiu suas armas químicas declaradas há cerca de cinco ou seis anos. Mas o problema que tem surgido desde então com as armas químicas russas é que elas têm sido usadas com um tipo de agente tóxico que não estava na convenção original, os Novichoks, ligado aos incidentes de Salisbury", lembra.

Nessa cidade britânica em 2018, Sergei Skripal, um ex-espião russo, e sua filha Yulia, foram envenenados com esse agente nervoso, embora os médicos tenham conseguido salvar a vida de ambos. Skripal havia sido acusado em 2004 de vazar informações para os serviços de inteligência britânicos e de denunciar espiões russos.

"Arsenal químico"

"É por isso que há razões para suspeitar, e eu digo suspeitar, porque ninguém tem certeza, de que a Rússia possa ter um arsenal químico à sua disposição", diz Miguel Ángel Sierra. Ele adverte, entretanto, que "a eficácia das armas é questionável e depende de muitas circunstâncias, em particular, de que o exército que as utiliza tenha métodos de proteção e descontaminação".

Em conclusão, este especialista espanhol em armas químicas destaca um aspecto subjetivo ligado a este tipo de arma.  "Estamos todos horrorizados ao ver o que uma arma química faz. A internet está cheia de fotos mostrando o que aconteceu quando foram usadas na Síria, no Iraque e muitos outros lugares. Isso é o que uma arma química inspira: o terror", aponta.

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