Acessar o conteúdo principal

Guerra: sobrecarregados, Polônia, Alemanha e Israel se adaptam para administrar fluxo de refugiados

O êxodo em massa provocado pela guerra na Ucrânia está desafiando a capacidade de acolhimento de refugiados em vários países. Polônia e Alemanha já começam a ficar sobrecarregados diante da onda de migrantes que fogem do conflito, enquanto Israel flexibiliza as regras de entrada, mas continua dando prioridade aos refugiados judeus.

Refugiados são orientados por voluntários ao desembarcarem na estação central de Berlim
Refugiados são orientados por voluntários ao desembarcarem na estação central de Berlim © Annegret Hilse, Reuters
Publicidade

Informações dos correspondentes da RFI em Berlim e Jerusalém e da enviada especial à fronteira entre Polônia e Ucrânia

Filas de migrantes se formam para entrar nos ônibus em Medyka, cidade polonesa que faz fronteira com a Ucrânia. Cansados e muitas vezes aos prantos, eles são principalmente mulheres e crianças, já que os homens preferiram ficar para trás, no combate, e os mais idosos se recusam a deixar o país.

“Essa é a pior viagem da minha vida”, desabafa Julia, que viaja junto com a filha de 10 anos. Ela vivia na periferia de Kharkiv e diz que não queria partir e se tornar refugiada. “O mais duro foi para minha filha. Ela não queria abandonar seus avós, seus amigos, sua escola. É muito difícil para ela”, relata essa ucraniana, enquanto espera para entrar no ônibus, à enviada especial Murielle Paradon.

Tanya, uma psicóloga ucraniana de 25 anos, também estava na fila. “Estamos chegando de Ternopil, mas nós moramos em Kiev. Na capital a situação é apavorante. As pessoas não podem mais viver em segurança. Foi por isso que fugi para o oeste da Ucrânia, onde estava mais calmo. Mas isso é agora. E amanhã? É impossível prever”, diz a jovem, que deixou o país com seu irmão mais novo.

Ambas esperam voltar para a Ucrânia rapidamente. Mas, por enquanto, diante da intensificação dos ataques russos, inclusive no oeste do país, elas fazem parte dos 2,8 milhões de refugiados que buscam proteção no exterior.

A Polônia é a principal rota de saída para esses migrantes. Os poloneses, que nos últimos anos fecharam suas portas aos estrangeiros vindos da Síria, mudaram de postura e acolhem os vizinhos ucranianos da melhor maneira possível. Voluntários distribuem comida e brinquedos para as crianças. Os centros comerciais foram esvaziados e se transformaram em alojamentos e parte da população oferece abrigo em suas próprias casas. Por enquanto, o país consegue absorver o fluxo de migrantes, mas já há quem questione a capacidade de acolhimento se o número de refugiados aumentar muito rapidamente.

Berlim já solicita cidades vizinhas

As mesmas questões começam a ser levantadas na Alemanha. Berlim vem recebendo cerca de 10 mil refugiados diariamente, que chegam da Ucrânia de trem, ônibus ou carro. Os números são bem superiores aos registrados nas crises humanitárias anteriores. Em 2015, no auge da guerra na Síria, a capital alemã recebia cerca de mil migrantes por dia, o que faz do contexto atual uma situação inédita e já obriga as autoridades da capital a solicitar ajuda urgente para outras regiões.

“Já estamos sobrecarregados”, confessa a prefeita de Berlin, Franziska Giffey. Tradicionalmente sorridente, ela não esconde a gravidade da situação. A estação se transformou rapidamente em centro de acolhimento improvisado no qual inúmeros voluntários distribuem alimentos e ajudam os refugiados, propondo moradias temporárias, constata o correspondente da RFI na capital alemã, Pascal Thibaut. Cerca de 300 mil leitos foram colocados à disposição pelos moradores e as organizações de caridade trabalham dia e noite.

Antes da invasão russa, Berlim previa acolher 20 mil refugiados. Até agora mais de 100 mil já desembarcaram na capital. Diante da situação, a cidade organiza às pressas centros de acolhimento, inclusive com uma tenda gigante diante da estação ferroviária, mas também em galpões e nos hangares do aeroporto Tegel, desativado.

Israel revê suas regras de imigração

Do outro lado do mar Mediterrâneo, o governo israelense ainda não está sobrecarregado, mas já aplica medidas para conter a chegada em massa de refugiados oriundos da Ucrânia, mas também da Rússia, dois países que têm diásporas importantes em Israel. O governo israelense, que sempre primou pela chamada “lei do Retorno”, dispositivo que existe desde 1950 e que autoriza qualquer judeu a migrar para Israel, flexibilizou as regras e agora recebe os refugiados, sejam eles judeus ou não.

Mas o governo lembra que Israel é, antes de tudo, “o lar nacional do povo judeu”. E os refugiados judeus, assim como seus familiares, obterão a nacionalidade israelense imediatamente. Outras pessoas serão autorizadas a entrar em seu território, mas condições serão impostas.

Já os refugiados que tenham membros da família, mesmo distante, vivendo em Israel, poderão entrar no país sem nenhum obstáculo. Cerca de 5 mil judeus ucranianos já migraram para Israel desde o início da guerra e outros 15 mil são esperados até final do mês.  

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.