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Rússia conquista mais um porto na Ucrânia, enquanto Zelensky faz apelo a judeus

O Exército russo anunciou nesta quarta-feira (2) que tomou o controle da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, no início do sétimo dia da invasão iniciada por Moscou contra o país vizinho. Tropas russas transportadas por via aérea também desembarcaram em Kharkiv, no leste, onde os combates são intensos. Por outro lado, a ofensiva contra a capital, Kiev, continua bloqueada por falta de combustível e alimentos para os soldados, segundo especialistas em defesa. 

Imagem publicada pelo Serviço Nacional de Emergências da Ucrânia mostra bombeiros tentando apagar incêndio em edifício da polícia regional de Kharkiv, que teria sido bombardeado pelos russos. 2/3/2022
Imagem publicada pelo Serviço Nacional de Emergências da Ucrânia mostra bombeiros tentando apagar incêndio em edifício da polícia regional de Kharkiv, que teria sido bombardeado pelos russos. 2/3/2022 AFP - -
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O porta-voz do ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, anunciou que "as divisões russas das Forças Armadas tomaram o controle total do centro regional de Kherson". A cidade e seus subúrbios, localizados ao norte da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, sofreram intensos bombardeios nas últimas horas. 

O Exército russo já tinha conquistado o controle do porto de Berdiansk, próximo de Mariupol, e executa uma grande ofensiva contra essa cidade portuária do sul da Ucrânia, quase na fronteira da região separatista de Donetsk, que teve a independência reconhecida por Moscou nos dias que antecederam o início da guerra. 

A estratégia militar russa tem sido fechar o cerco contra o Exército ucraniano nas regiões sul e leste do país, mais próximas de suas fronteiras, por onde pode encaminhar tropas e equipamentos posicionados na Crimeia e na região separatista do Donbass. 

Intensos combates em Kharkiv

Durante a madrugada de terça para quarta-feira, a Rússia desembarcou soldados em Kharkiv, por via aérea, e atacou um hospital local, afirmaram militares ucranianos em comunicado no Telegram. "Há um combate em andamento entre os invasores e os ucranianos", acrescentava a nota.

Equipes de resgate informam que ao menos quatro civis morreram neste segundo dia de bombardeios em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana com 1,4 milhão de habitantes e próxima da fronteira com a Rússia. Ontem, mísseis atingiram edifícios residenciais e casas, deixando ao menos dez civis mortos e mais de 20 feridos, segundo as autoridades locais. Ataques também visaram uma universidade e os serviços de emergência.

Em Mariupol, próxima do mar de Azov, mais de uma centena de pessoas ficaram feridas, ontem, por disparos russos, informou o prefeito da cidade, Vadim Boichenko, citado pela mídia ucraniana. 

O Exército ucraniano emitiu advertências de que as tropas russas iriam atacar as principais cidades do país, incluindo Kiev, para onde se dirige um enorme comboio de veículos e armamentos russos, segundo imagens de satélite. Porém, a coluna de tanques e caminhões está paralisada há três dias por falta de combustível e de alimentos para as tropas, estimam vários estrategistas militares ocidentais.

"Apagar" a Ucrânia da história

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusa Moscou de querer "apagar" seu país e sua história, após a invasão ordenada pelo presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada.

"Eles têm a ordem de apagar nossa história, apagar nosso país, apagar todos nós", afirmou Zelensky, em um vídeo nesta quarta-feira. O chefe de Estado ucraniano pediu aos países que não permaneçam neutros no conflito.

Zelensky também fez um apelo aos judeus do mundo para que "não permaneçam em silêncio", após o ataque russo ocorrido ontem contra a torre de televisão de Kiev, construída no local de um massacre do Holocausto. O ataque das tropas russas à torre provocou cinco mortes.

"Estou falando agora aos judeus do mundo inteiro. Não veem o que está acontecendo? É por isto que é muito importante que os judeus do mundo inteiro não permaneçam em silêncio agora", insistiu Zelensky.

Ele reclamou que, durante a era soviética, as autoridades construíram a torre de televisão e um complexo esportivo em um "local especial da Europa, um lugar de oração e memória". Na ravina de Babi Yar, uma espécie de barranco, mais de 33 mil judeus foram fuzilados ao longo de 36 horas, em setembro de 1941. O massacre aconteceu durante a ocupaçao nazista na capital ucraniana, na Segunda Guerra Mundial. Quase toda a população judaica de Kiev foi exterminada nesse massacre.

"O nazismo nasce do silêncio. Então saiam e gritem sobre os assassinatos de civis. Gritem sobre os assassinatos de ucranianos", disse Zelensky.

Apesar de Zelensky ser judeu, Putin acusa o presidente ucraniano de ser "um neonazista que promoveu um genocídio de russos" nas repúblicas separatistas do Donbass e em outras localidades da Ucrânia, um dos argumentos que utilizou para justificar a invasão do país. Esse alegado "genocídio" é contestado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU e governos ocidentais.

Com informações da AFP

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