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Biden chama Putin de "ditador" em discurso no Congresso; embaixadora da Ucrânia é aplaudida de pé

Em seu segundo discurso sobre o Estado da União no Congresso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou nesta terça-feira (1) o presidente russo, Vladimir Putin, de "ditador" pela invasão da Ucrânia. Biden afirmou que o mundo enfrenta uma "batalha" entre a democracia e a autocracia, mas confirmou que não enviará tropas americanas ao país em guerra. A embaixadora ucraniana nos EUA, Oksana Markarova, convidada de honra, foi aplaudida de pé por democratas e republicanos.   

Joe Biden discursa no Congresso americano. 2/3/2022
Joe Biden discursa no Congresso americano. 2/3/2022 REUTERS - POOL
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Biden elogiou a resistência dos ucranianos contra os invasores russos, mas deixou claro que não haverá tropas americanas em campo na guerra iniciada na última quinta-feira (24). 

"Permitam-me ser claro: nossas forças não estão envolvidas e não participarão do conflito contra as forças russas na Ucrânia", afirmou o presidente democrata, que criticou duramente Putin e fez uma vibrante homenagem à resistência do povo ucraniano.

"Um ditador russo que invade um país estrangeiro tem custos em todo o mundo", declarou. "Na batalha entre democracia e autocracia, as democracias estão à altura das circunstâncias e o mundo está claramente escolhendo o lado da paz e da segurança", disse. 

Os países ocidentais lançaram uma resposta econômica feroz à Rússia, com uma onda de sanções que ameaçam deixar de joelhos a economia russa. Mirando nos oligarcas do país e "líderes corruptos" que, segundo Biden, fraudaram bilhões de dólares do regime de Putin, o presidente americano disse que o Ocidente "irá apreender seus iates, apartamentos de luxo e aviões privados. "Iremos atrás dos seus ganhos ilícitos", ameaçou, sob aplausos. Biden também anunciou o fechamento do espaço aéreo americano para aviões russos, uma sanção importante, que já havia sido decidida pela União Europeia e pelo Canadá.

Segundo Biden, Putin subestimou a resposta poderosa que sua invasão à Ucrânia provocaria nas nações ocidentais. "A guerra de Putin foi premeditada", afirmou o democrata. O presidente russo "rejeitou as tentativas de diplomacia". "Achou que o Ocidente e a Otan não responderiam. E achou que poderia nos dividir. Mas Putin estava errado. Estávamos prontos", destacou.

Biden elogiou especialmente os ucranianos que enfrentam os russos apesar da ofensiva militar avassaladora. Putin "achou que poderia entrar na Ucrânia e o mundo cairia. Em vez disso, ele se deparou com um muro de força que nunca antecipou ou imaginou", disse. "Conheceu o povo ucraniano", completou.

Em um momento de união bipartidária, os congressistas americanos aplaudiram de pé a Ucrânia, dirigindo-se à embaixadora do país em Washington, Oksana Markarova, que estava sentada ao lado da primeira-dama, Jill Biden.

Busca de conciliação

O presidente democrata, que fez campanha prometendo curar a "alma" da América, vê no medo compartilhado da guerra na Ucrânia e no alívio provocado pelo declínio da pandemia uma oportunidade de cumprir a promessa.

"A Covid-19 não deve mais governar nossas vidas", proclamou, diante dos congressistas, ministros e juízes da Suprema Corte. Quase todos estavam sem máscaras, seguindo as novas recomendações das autoridades sanitárias.

Recordando os debates às vezes violentos sobre as medidas de saúde, Biden acrescentou: "Não podemos mudar nossas divisões do passado. Mas podemos mudar a maneira como avançamos sobre a Covid-19 e outras questões que temos que enfrentar juntos".

Biden enfrenta um baixo índice de confiança dos americanos e está ciente de que em poucos meses, nas eleições legislativas de meio de mandato, ele corre o risco de perder sua maioria parlamentar apertada. Em seu discurso, o democrata moderado visou sobretudo conquistar uma certa coesão no Congresso. Não fez críticas violentas à oposição republicana e nenhum ataque, como já fez no passado, contra seu predecessor Donald Trump. 

Aos eleitores conservadores que o acusam de laxismo, Biden prometeu que investiria na força policial diante do aumento da criminalidade nos Estados Unidos, e garantiu que levaria segurança à fronteira sul, por onde entram os imigrantes vindos do México e de países latino-americanos.

A seus apoiadores progressistas, ele disse que lutará para defender o direito ao aborto, "ameaçado como nunca antes", e pelo acesso ao voto dos afro-americanos. Biden também prometeu seu "apoio" aos jovens americanos transgêneros diante das medidas tomadas em alguns estados conservadores contra procedimentos cirúrgicos ou hormonais realizados por menores. 

Reconhecido por seu otimismo e moderação, o presidente destacou temas que acredita serem consensuais. Ele tentou ser o mais concreto possível, pois viu seus grandes projetos de reforma social naufragarem devido à maioria parlamentar democrata muito apertada no Congresso.

Biden também prometeu combater o aumento da inflação, uma realidade que a Casa Branca demorou para admitir e se tornou, agora, "a prioridade máxima" do governo.

(Com informações da AFP)

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