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Milhares são presos após se manifestarem na Rússia contra a invasão da Ucrânia

Milhares de russos se manifestaram em Moscou e São Petersburgo para protestar contra a invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin nesta quinta-feira (24), em protestos proibidos que resultaram em numerosas detenções. Segundo a ONG OVD-Info, mais de 1.700 pessoas foram presas em várias cidades russas, mais da metade delas só em Moscou. Na Praça Pushkin, no coração da capital, a agência AFP testemunhou a prisão de dezenas de pessoas que gritavam "Não à guerra!"

Uma manifestação antiguerra em São Petersburgo, após o início da "operação militar" russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Uma manifestação antiguerra em São Petersburgo, após o início da "operação militar" russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. © REUTERS/Anton Vaganov
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Algumas das cerca de 2.000 pessoas que vieram a Moscou para denunciar a invasão russa da Ucrânia têm parentes naquele país. "Minha tia mora na Ucrânia, temo por ela", disse Tatiana, uma estudante de 18 anos de Moscou que prefere não dar seu sobrenome para evitar problemas com as autoridades russas.

"Estou em estado de choque, meus parentes moram na Ucrânia. O que posso dizer-lhes ao telefone: 'Espere aí'? Não posso ficar no meu quarto, quero ver outras pessoas que são contra a guerra, que pensam como eu", disse Anastasia Nestoulia.

"País agressor"

Apesar da repressão brutal da sociedade civil, vários grupos de manifestantes se reuniram em Moscou à tarde e no início da noite.

Em São Petersburgo, entre os mil cidadãos estava Daria Gazmanova, uma estudante de 20 anos. Ela está chocada. "Estou aqui porque não quero viver em um país agressor", disse ela.

As autoridades russas haviam prometido nesta quinta-feira reprimir qualquer manifestação "não autorizada" no país contra a guerra na Ucrânia. A Praça Pushkin, ao lado da principal Avenida Tverskaya, que desce até o Kremlin, foi isolada pela polícia, após um apelo das redes sociais.

O Ministério do Interior, o Ministério Público e a Comissão de Investigação - órgão encarregado das grandes investigações criminais - haviam advertido os russos contra qualquer ação de protesto. 

O Comitê de Investigação russo salientou que os participantes de protestos sobre a "situação tensa da política externa" ou confrontos passíveis de processo judicial. "Lembramos que as chamadas para participar e a participação direta em tais ações não autorizadas acarretam graves conseqüências legais", advertiu.

 "Isso me deixa doente"

 Mesmo fora das manifestações, a maioria dos russos entrevistados pela agência AFP disseram ser contra a guerra, embora alguns tenham dado seu apoio a Putin.

"Ele quer ajudar o povo russo e essas repúblicas separatistas pró-russas" na Ucrânia oriental, cuja independência Putin reconheceu na segunda-feira", disse Galina Samoilenko, 70 anos. "Mas como o Ocidente anunciou duras sanções econômicas para punir Moscou", argumentou Elena, uma consultora de 23 anos, que se perguntava se os russos "sobreviveriam a esta crise".

"Ninguém em seu perfeito juízo quereria uma guerra", disse Victor Antipov, 54 anos, residente em São Petersburgo, que sente que os líderes russos "não estão pensando a longo prazo".

Igor Kharitonov, um estudante de arquitetura de 20 anos, recusou-se a assistir ao discurso em que Putin anunciou o início das operações militares na Ucrânia, na manhã desta quinta-feira. "A guerra me deixa doente", disse ele.

(Com AFP)

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