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Em Kiev, presidente turco tentará mediar crise entre Rússia e Ucrânia

O chefe de Estado turco, Recep Tayyp Erdogan, chega nesta quinta-feira (3) a Kiev, onde tem um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O objetivo é tentar obter uma mediação entre a Ucrânia e a Rússia e evitar um conflito entre os dois países. Cerca de 100 mil soldados russos estão posicionados na fronteira ucraniana.

Erdogan vai para Kiev tentar uma mediação sem ofender Putin
Erdogan vai para Kiev tentar uma mediação sem ofender Putin AP - Franc Zhurda
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A Turquia, que integra a Otan, é uma parceira comercial de Kiev de longa data e conta com esse "trunfo" para amenizar a tensão com os russos. "Não queremos uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, seria uma má notícia para a região", disse o presidente turco, que pediu uma solução pacífica para a crise.

Erdogan espera reunir o presidente ucraniano e o russo na Turquia, mas Vladimir Putin disse que daria uma resposta apenas "quando a pandemia e a sua agenda permitissem."

A Turquia apoiou a adesão de Kiev à Otan, o que contraria os russos e é o ponto crucial da crise atual. Erdogan, que está no poder há 20 anos, também se opôs à anexação da Crimeia em 2014, para proteger os tártaros, minoria turca que vive na região. A tensão também cresceu recentemente após Putin criticar Erdogan por ter fornecido armas à Ucrânia, que foram utilizadas contra os separatistas pro-russos no leste do país.

Em dezembro, Putin alertou o presidente turco sobre as "provocações" de Kiev que, de acordo com ele, foram uma tentativa de atrapalhar o acordo de paz entre os dois países. Entre essas provocações, estão justamente ações militares que utilizam drones de combate russos. Nesta quarta-feira (2), o chefe de Estado ucraniano voltou a afirmar que deseja "a paz", defendendo seu direito de defesa contra o risco de "invasão russa."

Soldado ucraniano patrulha fronteirqa com a Rússia, na região de Kharkiv
Soldado ucraniano patrulha fronteirqa com a Rússia, na região de Kharkiv © Evgeniy Maloletka/AP

O governo ucraniano também teme que os rumores de invasão diminuam os investimentos na economia nacional. Por isso, outra missão de Erdogan em Kiev será tranquilizar os turcos sobre essa questão. Ele participará de um fórum econômico, onde deverá ser anunciado um acordo de livre comércio. Nos onze primeiros meses de 2021, as trocas comerciais entre os dois países atingiram U$S 6 bilhões. 

O presidente turco faz atualmente um "jogo de equilibrismo" e busca manter boas relações com russos e ucranianos. A Turquia, aliás, foi marginalizada dentro da Otan depois que adquiriu o sistema de mísseis russo S-400. Apesar das tentativas de Erdogan de apaziguar as tensões, Moscou não estaria interessada na mediação turca. Putin espera, antes de tudo, ser tratado de igual para igual por Washington.

Soldado ucraniano em Donetsk observa posição de separatistas pro-russos
Soldado ucraniano em Donetsk observa posição de separatistas pro-russos AP - Andriy Dubchak

EUA envia 3.000 soldados à Europa

Enquanto os europeus multiplicam as visitas diplomáticas à Kiev, os americanos se preparam para uma possível invasão russa na Ucrânia. O Pentágono anunciou, nesta quarta-feira o envio de 3 mil soldados em alguns países que integram a Otan. O governo americano posicionará na Rômenia mil homens que já estavam na Alemanha, para onde a França também deverá mandar um contigente cujo número ainda não foi revelado. 

Segundo o Pentágono, 2.000 soldados também serão enviados da Carolina do Norte para a Alemanha e a Polônia. Cerca de 8.500 soldados também se mantêm em alerta nos EUA, como explicou o correspondente da RFI em Washington, Guillaume Naudin. As tropas não entrarão na Ucrânia, mas demonstram, segundo o Pentágono, que os Estados Unidos estariam prontos para "qualquer eventualidade." 

De acordo com o cientista político francês Olivier Kempf, pesquisador da Fundação para a Pesquisa Estratégica, esse é um sinal forte de coesão entre a Europa e os Estados Unidos. "Finalmente, Vladimir Putin reunificou a Otan, que estava em dificuldade nos últimos meses. No fim, a organização está reunificada e mais sólida", declara.

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que poderá se encontrar pessoalmente com Vladimir Putin nos próximos dias
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que poderá se encontrar pessoalmente com Vladimir Putin nos próximos dias AFP - KAY NIETFELD

Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente russo, Vlamidir Putin, chegaram a um acordo sobre a necessidade de achar uma solução "pacífica" para a crise ucraniana. Os dois dirigentes conversaram pelo telefone e decidiram adotar o diálogo para enfrentar a tensão atual, de acordo com um porta-voz de Johnson. Putin denunciou, por sua vez, a recusa da Otan de levar em consideração as preocupações com a segurança de seu próprio país. De acordo com um comunicado do Kremlin, o presidente russo criticou a falta de vontade da Otan de responder de "maneira adequada", à crise.

O presidente francês, Emmanuel Macron, também deve conversar nessa quinta-feira, no fim do dia, com os presidentes russo e ucraniano, por telefone, para discutir a crise. Ele abordou a questão com o presidente americano, Joe Biden, nessa quarta-feira. Macron declarou que poderá ir à Rússia e à Ucrânia nos próximos dias. Segundo ele, esse é o papel da França que ocupa, desde janeiro, a presidência rotativa da União Europeia.

(RFI e AFP)

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