Mianmar: líderes de países do Sudeste Asiático buscam acordo para cessar violência
Líderes dos países membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) declararam neste sábado (24) terem chegado a um acordo com o chefe da junta militar birmanesa para pôr fim à violência que afeta o país. Este último, no entanto, não respondeu explicitamente aos apelos para parar de matar manifestantes. "Vai além das nossas expectativas", declarou o primeiro-ministro da Malásia, Muhyiddin Yassin, após a reunião com a presença do ministro geral de Mianmar, Aung Hlaing.
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"Nós tentamos não o acusar muito porque não nos interessa saber quem está na origem dos confrontos", acrescentou o primeiro ministro. "Nós apenas insistimos que a violência tem que parar. Para ele, são os outros que estão na origem dos problemas. Mas ele concordou que a violência tem que parar. "
Os membros da organização internacional queriam que o general Min Aung Hlaing se comprometesse em controlar suas forças de ordem, que, de acordo com um organismo de segurança, já mataram 745 pessoas para sufocar o movimento de revolta popular que surgiu após o golpe contra o governo civil de Aung San Suu Kyi, em 1º de fevereiro. Os líderes participantes também pedem que o general libere os prisioneiros políticos.
De acordo com um comunicado de Brunei, país que preside a Asean, um consenso foi encontrado em cinco pontos. O primeiro passo é acabar com a violência, abrir um diálogo construtivo com todas as partes interessadas, nomear um representante da Asean para facilitar o diálogo em Mianmar e aceitar ajuda humanitária. O comunicado, no entanto, não aborda a questão dos prisioneiros políticos.
"Ele disse que nos ouviu, que levaria todos esses pontos em consideração, ele achou muito útil", comentou o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, ao canal de televisão NewsAsia. "Ele não se opôs à ideia de que a Asean desempe um papel construtivo, em princípio que a Asean envie um representante, ou ainda o fato de aceitar ajuda humanitária", acrescentou.
O primeiro-ministro destacou que isso poderia levar muito tempo, “porque uma coisa é dizer que você vai parar a violência, mas realmente fazer é outra completamente diferente”.
O general Min Aung Hlaing não comentou o acordo de imediato.
Presos políticos
“A libertação de presos políticos é uma condição essencial para que a violência pare", revelou Charles Santiago, chefe do grupo de parlamentares da Asean pelos Direitos Humanos (APHR). "A Asean deve agir rapidamente e definir um cronograma claro para que Min Aung Hlaing acabe com a violência, ou estar preparada para cobrá-lo.”
Esta reunião da Asean é o primeiro esforço internacional para pôr fim à crise que afeta Mianmar desde o golpe. Mianmar é um dos dez países membros da Asean, que é usada para tomar decisões apenas na base de consenso e não interferir nos negócios internos dos seus membros.
O governo de unidade nacional, um movimento formado por parlamentares destituídos de seus mandatos, líderes do protesto contra o golpe e representantes de minorias étnicas no país, disse ter saudado favoravelmente o acordo e considerou que a junta militar deveria ser pressionada a cumprir as promessas.
"Estamos ansiosos para ver as ações que a Asean assumirá seguindo estas decisões e para ver nossa democracia restaurada", disse Sasa, porta-voz do movimento.
Os chefes de estado da Indonésia, Vietnã, Cingapura, Malásia, Camboja e Brunei estiveram presentes na reunião, assim como os ministros de Assuntos Estrangeiros de Laos, Tailândia e Filipinas.
Melhor condição para negociar
Mesmo se a política de não interferência da Asean não permite lidar facilmente os assuntos internos, as Nações Unidas, China e Estados Unidos acreditam que a organização está em melhor posição para negociar com a junta militar.
“Nós, o Conselho de Segurança da ONU, estamos esperando ansiosos pelo resultado da reunião sobre Mianmar, o que merece atenção séria e imediata", publicou a embaixatriz americana para as Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, em seu perfil no Twitter.
(Com agências internacionais.)
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